Sinopse: Ela havia esperado aquilo por meses. Ele havia contado cada um dos dias. Mas, finalmente, os dois estavam juntos, felizes. Pelo menos por um mês.
Gênero: Comédia Romântica
Classificação: Livre
Restrição: Tom Holland fixo
Beta: Rosie Dunne
A única coisa impedindo de gritar no tapete vermelho era Harrison Osterfield. Primeiro que os dois haviam ido separados de Tom e Jacob. Aparentemente apenas o elenco principal tinha permissão para chegar no tapete vermelho de carro. Convidados simples, como os dois – o que achava meio absurdo já que Haz trabalhava para Tom – deveriam chegar a pé – no caso deles, Uber – e entrar… A pé.
Assim que adentrou o espaço sentiu-se completamente sufocada. Não que ela não estivesse amando, porque no fundo ela estava. estava na premiere de Guerra Infinita, em Los Angeles, não havia realmente como ela odiar tudo o que estava acontecendo por ali. E, pela primeira vez em sua vida, ela estava pisando em tapete vermelho. Com celebridades passando perto de si. Fãs gritando enlouquecidas contra a grade, com cartazes e tudo o mais.
O braço dela estava ao redor do braço de Harrison, que a guiava pelo longo caminho. Câmeras e repórteres estavam por todo lado, entrevistando as mais diferentes celebridades. Ela ainda não tinha visto Tom, mas não estava muito preocupada com ele. Sabia que o namorado era do tipo que tentaria falar com todo repórter que o paresse e com todo fã que estivesse na grade.
via que algumas pessoas na grade acenavam para Harrison, que respondia os acenos com um enorme sorriso. Ela tinha certeza que eram fãs de Tom, e toda boa fã de Tom sabia quem era Haz.
— E não é que você também é famoso? — ela o provocou, rindo.
— É, todo mundo me conhece, o “melhor amigo do Tom”.
— Eu já vi também te chamarem de “namorado do Tom”.
— Eu era, mas aí você apareceu e o roubou de mim. — Harrison fez uma expressão triste exagerada, arrancando várias risadas de . — O que está achando do seu primeiro tapete vermelho?
— É diferente do que eu esperava, mas… É bom. Estou gostando.
— A melhor parte não é agora, acredite. — Harrison piscou para , deixando-a entendendo um total de zero coisas.
sentiu-se obrigada a parar em alguns momentos para tirar fotos, porque você não vai na premiere do maior filme de heróis atualmente a finge que nada aconteceu. Mesmo que ela não fosse postar agora, elas pelo menos teria fotos do evento. Ela e Harrison tiraram várias selfies, sorrindo feito idiotas, fazendo caretas, se divertindo, até que um segurança pedisse para que eles, por favor, entrassem no cinema.
Foi dentro do local que teve certeza que teria um ataque.
O filme ainda não havia começado, e pelas contas de Harrison ainda faltava bons quarenta minutos, mas o cinema já estava começando a lotar, várias rodinhas de pessoas jogando conversa fora, se divertindo. E conseguia ver muitas celebridades perto. Realmente perto. E ela queria muito gritar e correr e conversar com todos, mas ela sabia que não poderia.
— Encontrei vocês. — ela sentiu dois braços ao redor da sua cintura, a apertando em um abraço, e um beijo rápido em seu rosto.
Ela cobriu os braços de Tom com o próprio braço, aceitando o abraço do namorado, deixando-o próximo de si, mas não demorou muito para que ele saísse de trás dela, posicionando-se ao seu lado, porém mantendo o braço esquerdo ao redor de sua cintura. Os três ficaram apenas conversando, esperando que o filme finalmente começasse.
— Tom! — alguém se aproximou dos três, um enorme sorriso no rosto. precisou de apenas dois segundos para reconhecer Chris Pratt. — Não tinha te visto ainda! Quem passou o tapete vermelho com você?
— Eu passei sozinho. — o braço de Tom continuava na cintura de , o que a garota achava ótimo porque ela tinha certeza que iria cair a qualquer momento.
— Deixaram? Você não soltou nenhum spoiler no caminho?
— Acredito que não. — Tom riu, sendo acompanhado por Pratt.
olhou desesperada para Harrison, que apenas ria. Será que ninguém havia percebido que ela estava quase branca – e isso realmente queria dizer muito sobre sua situação? Que a qualquer momento ela poderia desmaiar? Olá, fã no recinto? Alguém pode ajudar?
— Harrison, você impediu o Tom de falar demais, certo? — os olhos de Pratt encontraram os de Harrison, que precisou de alguns segundos para se recompor e respondê-lo.
— Geralmente eu tento, mas hoje eu estava acompanhando a aqui. — o rapaz apontou para a menina.
Então finalmente os olhos de Pratt e encontraram, parecendo notá-la pela primeira vez. Ele então sorriu estendendo a mão para ela, o que fez querer morrer. Ela sabia que sua mão estava muito gelada e que provavelmente ela estava tremendo. Mas era uma pessoa educada, claro que ela não recusaria um aperto de mão, especialmente um vindo de Chris Pratt.
— Você eu não conheço. Prazer, segundo Chris mais bonito daqui.
— Segundo? — ela tentou soar normal, mas apenas o olhar de Harrison já deixava claro que sua voz não estava certa. Provavelmente mais fina.
— Você ainda não conheceu o Hemsworth, né?
— Não. — ela riu, sentindo-o soltar sua mão. E então lembrou-se que ainda não havia se apresentado. — , prazer.
— é minha namorada, Chris. — ela sentiu um leve aperto de Tom em sua cintura, um enorme sorriso no rosto do rapaz.
— Você namora? Com ela? — Pratt pareceu chocado ao encarar Tom, virando-se então para . — Você escolheu namorar com ele?
— Isso foi ofensivo. — apesar das palavras tristes o sorriso ainda estava no rosto de Tom, que claramente havia levado na brincadeira.
— A gente aceita o que a vida oferece, né. — balançou os ombros, conseguindo arrancar uma alta risada de Chris Pratt e sentindo-se um bolinho especial. Sentiu uma forte cutucada do namorado mas ignorou completamente. Ele sabia que, assim como Pratt, ela estava brincando.
— Um dia você consegue algo melhor, não desista. — Pratt piscou para ela.
Ele e Tom trocaram mais algumas palavras antes de Pratt pedir licença e se retirar, indo conversar com algum outro colega de elenco. Assim que o homem não estava mais na visão de , ela finalmente permitiu-se agarrar Tom e esconder a cabeça entre seu ombro e seu pescoço. Sentiu o abraço de Tom mantendo-a próxima de si, segurando seu corpo com delicadeza.
— ?
— O Chris Pratt falou comigo. O Chris Pratt. Ele falou comigo. — ela não iria chorar, claro. Mas ela bem queria.
Porque era uma fã, e a vida inteira ela havia sonhado em conhecer todas as pessoas que estavam exatamente no mesmo cinema que ela. E mesmo que ela tivesse apenas falado com uma delas, ela havia falado com uma delas. Era mais do que ela jamais havia sonhado.
Sem contar o fato que ela era namorada do Tom Holland, mas com isso ela já havia se acostumado. Mais ou menos.
— , calma porque ainda tem muito evento pela frente. — ela sentiu Harrison dar alguns tapinhas reconfortantes em seu braço.
Ela soltou Tom e encarou Harrison, acenando positivamente. O filme ainda nem havia começado. A noite estava apenas começando.
O filme era tudo o que havia esperado e, ao mesmo tempo, muito melhor. E tudo estava perfeitamente bem. Cada reação de havia sido exatamente o que Tom esperava.
Até a cena da morte do Peter Parker.
Ele sentiu os braços da garota de fecharem com força ao redor do seu braço direito, uma força que ele não sabia que ela possuía. Então a cabeça dela apoiou-se em seu braço.
Tom sentiu chorar.
— Por favor, não morre… — ela sussurrou em meio a soluços.
Talvez devesse ser fofo, afinal ele havia atuado bem o bastante para fazer com que a namorada de fato chorasse com a cena. E mesmo que aquela fosse a primeira vez que Tom visse a cena, ele estava orgulhoso de si mesmo, e levemente impressionado. Mas, ao mesmo tempo, Tom estava preocupado.
— ? ‘Tá bem?
Na tela ele se ouviu falar “desculpe”, e então desaparecer completamente, o corpo de Tony Stark caindo pela falta do seu próprio, ele tornando-se pó.
Ao seu lado, ainda soluçava.
— O Peter não, por favor…
— , ‘tá tudo bem. — ele se soltou do aperto dela, livrando o próprio braço e o passando pelos ombros da garota, puxando-a para um abraço, sentindo a cabeça dela afundar em seu peito. — Eu ‘tô aqui, ‘tá tudo bem.
— Eu te amo, Tom. Muito. Mas puta merda, como você me fez sofrer. — ele apenas riu, recebendo um leve soco da garota. — Minha maquiagem borrou e eu te culpo.
Eles não falaram mais nada até o fim do filme, quando todos aplaudiram e aos poucos as pessoas se levantavam, novamente passando e se reunir em grupos para conversar mais sobre o que haviam acabado de assistir, provavelmente apontando termos técnicos.
Ele, , Harrison e Jacob – que eles haviam encontrado apenas ao se sentar – saíram das cadeiras, caminhando até um dos corredores cheios. Haz e Jacob não perderam a chance de rir um pouco da maquiagem de , mas não durou muito, já que ela pediu licença e foi para o banheiro, voltando alguns minutos depois com a maquiagem em perfeito estado, apesar de Tom ainda conseguir enxergar seu nariz um pouco vermelho.
— E agora? — foi a primeira coisa que ela perguntou ao se aproximar novamente do trio de amigos.
— Agora é a melhor parte, . Nós vamos para a
Tom e Harrison não entendiam muito bem o que estava acontecendo. Absolutamente do nada havia praticamente saído correndo, indo para casa o mais rápido possível sem nem ao menos tentar explicar para os dois o motivo de tanta pressa. Ao chegarem em casa, a garota começou a andar de um lado para o outro sem parar, sussurrando para si mesma em português, o que era um tanto irritante.
Eles haviam tentado perguntar para a garota o que estava acontecendo, mas simplesmente não respondia. O celular dela estava sobre superfície da ilha na cozinha e cada vez que ela passava ali o desbloqueava, provavelmente esperando alguma notificação que não aparecia. Tom se sentou em um dos bancos, o olhar acompanhando cada movimento de , parecendo realmente preocupado.
, por sua vez, estava esperando uma ligação. Havia mandado mensagem para Eduarda e Gisele – que havia ido correndo para a casa da amiga – e agora apenas aguardava que as duas lhe ligassem. Seu estômago estava gelado. Ela não conseguia acreditar em como havia sido idiota! Como era possível ter simplesmente soltado um vídeo de Tom e Harrison no stories do Loli Ruri? Ela poderia estragar tanta coisa daquele jeito.
E então o celular finalmente vibrou com uma chamada de vídeo de Eduarda. correu até o aparelho, atendendo rapidamente e vendo do outro lado Eduarda e Gisele com feições preocupadas.
— Me diz que eu ‘to vivendo um pesadelo. — foi a primeira coisa que falou, em português mesmo. Não era o momento que Tom e Harrison precisavam entender e honestamente ela estava sem cabeça para prestar atenção ao falar em inglês.
— Não, amiga. — Gisele fez uma careta triste. — Mas não é exatamente um pesadelo… Nós conseguimos quase duzentos e cinquenta seguidores nas últimas horas!
— E o site Tom Holland Brasil entrou em contato com a gente oferecendo parceria! — Eduarda abriu um animado sorriso. — Acredita nisso? Quase seis anos com o Loli Ruri e é a primeira vez que alguém quer ser nosso parceiro!
piscou algumas vezes. Era impressão sua ou suas amigas não estavam entendendo o quanto aquilo não era bom? Quer dizer, não que fosse o fim do mundo, mas ela e Tom não queriam falar pro mundo todo sobre o namoro deles. Primeiro porque Tom passaria a ter uma vida de entrevistas sobre namorar uma fã brasileira e isso seria um saco. Segundo porque ela não queria lidar com as fãs do Tom, era isso.
— Vocês não podem estar falando sério. — ela balançou a cabeça, desacreditada.
— , a gente sabe que você não planejou nada disso. — Gisele franziu as sobrancelhas, a voz calma. gostava de como Gisele era sempre delicada, o completo oposto de Eduarda que possuía zero papas na língua. — Mas não tem como negar que foi bom para o Loli Ruri.
— Mesmo que tenha sido, não posso deixar isso acontecer de novo. — desviou o olhar da tela, encontrando o olhar de Tom. Ele a olhava em completo silêncio, parecendo levemente preocupado com a namorada. Ela nem tinha falado para ele tudo o que estava acontecendo. — Isso não vai acontecer de novo.
— Mas… A parceria com o Tom Holland Brasil. — Eduarda fez uma careta chateada. Claro, a vantagem da parceria seria notícias frescas sobre Tom. — Essa seria a oportunidade perfeita pro blog crescer. Além do que…
Eduarda e Gisele se encararam cúmplices, como se estivessem escondendo algo de , o que foi o bastante para fazer com o que o sangue dela fervesse. Não era possível que as duas amigas estavam planejando algo pelas costas dela.
— Além do que o quê? — travou o maxilar, a voz soando realmente nervosa.
— Bom… Sabe como a gente sempre quis ter um canal no YouTube? — ah não. sabia o que vinha pela frente e já não gostava. — Então… Talvez você pudesse começar ele aí, sabe? Em Los Angeles e tal… E…
— Casualmente pedir pro Tom aparecer e atrair inscritos assim. — balançou a cabeça, negando. — Vocês querem que eu use o meu namorado pro Loli Ruri ficar famoso. Uau. Isso não vai acontecer, eu não sou esse tipo de pessoa.
— A gente sabe que isso é horrível, , mas… — Gisele respirou fundo, parecendo tentar tomar coragem. — Você sabe que daria certo, talvez não o blog, mas o YouTube… Você sabe que a gente conseguiria bastante inscritos. E… Se a gente ganhasse dinheiro o bastante, talvez você nem precisasse voltar para o Brasil.
mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça. Doía porque era verdade. Ela sabia que as amigas estavam certas, que ter Tom Holland aparecendo em seu canal seria o bastante para que ela conseguissem elevar o blog e conseguir visualizações para o canal. Na verdade ela poderia assumir o namoro com Tom e ter um canal solo e conseguir bastante dinheiro com isso, era verdade. Ah, e não precisar voltar para o Brasil, continuar ali em Los Angeles com ele.
Mas ela sabia que nunca poderia fazer isso. Não era nem uma questão de não querer porque havia sim uma parte de si absurdamente tentada a aceitar a ideia, mas ela não era esse tipo de pessoa. Ainda lembrava de como Tom havia ficado chateado quando ela brincou sobre espalhar em seu blog um spoiler que ele havia soltado sem querer. Ela não estava com Tom porque queria aproveitar de sua fama; estava com ele porque havia se apaixonado.
Ela sentiu o rosto queimar. Novamente a facilidade com que ela chorava aparecendo. Ok, ela tinha motivos para chorar. tinha a oportunidade perfeita de finalmente conseguir realizar o sonho de ter o blog reconhecido e de continuar em Los Angeles com Tom, mas ela simplesmente não poderia aceitar porque isso iria contra tudo o que ela acreditava como ser humano. E aquilo era uma merda porque tudo em sua vida sempre, sempre dava errado, e Tom era a única coisa constante e boa que estava acontecendo nos últimos tempos. Mas em três semanas ela iria embora porque ela precisava voltar para o Brasil e seu trabalho de merda em um bar de merda com um salário de merda e só deus sabia quando ela veria seu namorado de novo.
Se ela o visse de novo.
Se eles continuassem namorando.
— Não, eu não posso fazer isso. — ela balançou a cabeça rapidamente, sentindo o rosto queimar, as lágrimas prestes a cair. — Eu simplesmente não posso fazer isso, meninas. Não… Não dá. — e lá estavam as lágrimas.
sentiu dois braços a envolvendo. Tom estava atrás dela, lhe abraçando, dando um beijo em sua bochecha molhada porque ele era uma pessoa incrível. Ele não fazia a menor ideia do que estava acontecendo – porque o diálogo inteiro com as amigas estava acontecendo em português – mas mesmo assim, ao ver chorando, ele não pensou duas vezes antes de confortá-la. Ela nunca poderia machucar aquele garoto. Nunca.
— Tudo bem, . — Eduarda tentou sorrir, mas conhecia a amiga o bastante para saber que ela estava chateada. — A gente entende. Na verdade, não esperávamos algo diferente. Mas tínhamos que pelo menos tentar, né.
— Desculpa. — sentiu a voz tremer um pouco.
— ‘Tá tudo bem, miga. Nós vamos resolver isso sem precisar expor você ou o Tom. — Gisele também deu um sorriso cheio de tristeza. E então abriu ainda mais o sorriso para Tom, que estava com o queixo apoiado no ombro de . — E você, cuida dessa louca aí.
— Eu vou fazer meu melhor. — a voz de Tom parecia baixa, chateada. — O que está acontecendo?
— A te explica. — Eduarda entortou a boca, se despedindo dos dois e finalmente desligando o celular.
Após desligar o aparelho, se virou e abraçou Tom, chorando um pouco mais. A mão dele fazia um carinho leve na cabeça dela, confortando-a. Ele não havia perguntado de novo o que havia acontecido, apenas focando em ajudar a namorada a se acalmar. O que era péssimo, porque só fazia sentir ainda mais conflitos internos.
Ela não queria ir embora, não queria deixar Tom, mas ela iria. Ou ela poderia transformar o namoro deles em uma constante publicidade e ter dinheiro o bastante pra continuar em Los Angeles. Ideia horrível e tentadora que só fazia com que ela chorasse ainda mais.
— Quer deitar um pouco? — ela ouviu Tom perguntar, o carinho constante.
— Não, eu… — ela se afastou um pouco, fungando e secando as lágrimas. Virou a cabeça, encontrando Harrison a encarando, parecendo preocupado.
— Você ‘tá preocupando a gente, . O que ‘tá acontecendo?
Então finalmente ela explicou para os dois tudo o que havia acontecido, desde o stories que ela havia gravado no caminho para o treino até a conversa que havia acabado de ter com as amigas. A expressão de Tom era de puro choque, o que fez o coração de gelar.
— Eu juro que não vou fazer isso, Tom! Eu prometo! E desculpa ter sido tão descuidada, te prometo que nunca mais acontecer!
— Se isso desse certo você poderia ficar aqui em Los Angeles comigo? — foi o que ele perguntou, parecendo ignorar as desculpas de .
— Sim, mas… — ela franziu as sobrancelhas. Um brilho diferente passou no olhar de Tom. — Não. Não, não, não. Isso não vai acontecer, Tom.
— Mas é a chance de você ficar aqui.
— Não. Não assim, não.
— Eu tenho que concordar com a , Tom. — Harrison falou pela primeira vez desde que haviam entrado no apartamento. — É tentador, mas pode acabar virando um problema em algum momento. Pra vocês dois.
Tom balançou a cabeça, concordando a contragosto. Infelizmente era a verdade e eles precisavam entender. Por mais triste e frustrante que fosse.
— Eu queria um cigarro. — murmurou, fungando novamente.
— Eu compro pra você. Tem preferência por marca? — Harrison já estava com a chave em mãos, pronto para sair de casa.
apenas balançou a cabeça, negando. Nem sabia quais marcas de cigarro existiam nos Estados Unidos, não iria exigir muito. Harrison saiu, deixando apenas Tom e na cozinha. Ele segurou a mão da namorada e deu um sorriso quase animado. Quase.
— As coisas vão dar certo, amor. Acredite.
Ela balançou a cabeça concordando. Apertou um pouco a mão de Tom e sorriu. Enquanto durasse tudo daria certo.
Não demorou mais que um dia para que recebesse seu primeiro freela. E ela passou os dias que se seguiram o fazendo o mais rápido possível. Não era apenas uma questão de mostrar eficiência; ela também queria terminar aquilo o quanto antes, mesmo sabendo que receberia apenas quando o cliente pagasse para a agência.
Foi assim que ela passou os dois dias que se seguiram, sentada na mesa com o notebook de Tom aberto, ouvindo a mesma playlist do Spotify em looping e praticamente ignorando o mundo ao seu redor. O bom era que Tom e Harrison puderam sair e resolver suas coisas de gente famosa – havia desistido de tentar saber o que eles tanto faziam – enquanto ela se concentrava em algo que ela sabia fazer e que lhe renderia uns trocados a mais.
No fim ela mandou três opções diferentes de design de acordo com o passado no briefing pelo cliente, deixando bem claro que estava mais do que livre para fazer quaisquer alterações que fossem pedidas. Menos de cinco minutos após enviar as artes para Maurie, recebeu a resposta de que tudo estava realmente lindo e o cliente seria louco se não gostasse – exagero, mas não reclamaria – e que na segunda ela provavelmente já teria um retorno a respeito das artes.
Quando ela levantou e se espreguiçou, sentiu todo o corpo com dores por ficar muito tempo na mesma posição. Respirou fundo e decidiu ir para o quarto. Tom e Harrison ainda estava fora, ela havia ficado muito tempo acordada e a tarde estava apenas na metade. Era uma excelente ideia se deitar e tirar um longo cochilo.
Quando foi convidada para ir a balada, sua maior preocupação havia sido a questão do dinheiro. Quanto ela pagaria para entrar e exatamente quanto ela poderia beber, já que ela definitivamente não tinha muito para gastar. Mas obviamente ela não havia precisado pagar nada porque Maurie havia conseguido as entradas para as três e, claro, a balada era open bar. Tão. Óbvio. Vida de gente rica era tão absurdamente fácil, sequer conseguia entender.
Por isso, após menos de duas horas de balada, já estava consideravelmente bêbada. Com quatro horas de festa, ela já havia dançado os mais diversos tipos de música, conversado com as mais diferentes pessoas, ficado um bom tempo sentada na área de fumante – porque tinha vinte e cinco anos e ela não tinha mais tanto pique para ficar tantas horas de pé.
Ela já havia perdido Lori e Maurie três vezes – mas estava tranquila porque a pulseira da chapelaria estava no braço dela, e as três haviam guardado as bolsas juntas, então nenhuma poderia ir embora sem a outra – e também perdido a conta de há quantas horas estava ali dentro, bebendo em intervalos maiores mas ainda sentindo a bebida agindo fortemente em seu corpo.
Por isso decidiu que era melhor ir para o bar novamente e pegar uma garrafa de água, já que ela realmente não havia feito aquela coisa responsável de intercalar álcool e água a noite inteira. Era bom começar logo antes que ela acabasse passando mal.
— Ei. — ela sentiu uma presença mais próxima que o comum de balada. Ela virou o rosto, vendo um rapaz muito alto ao lado dela, o rosto contornado por uma barba cheia, o cabelo preto levemente bagunçado. — Eu vi que você parece meio sozinha e vim perguntar se você não quer um pouco de companhia.
suspirou. O rapaz era bastante bonito, ela não iria negar. Provavelmente, se estivesse solteira, não pensaria duas vezes e aceitaria o convite de “companhia”. Mas ela não estava, e a briga com Tom não havia sido um término. E ela nunca seria capaz de trair ninguém. Nunca mesmo.
— Estou bem sozinha, obrigada. — ela deu um sorriso amarelo, pegando sua água e já se afastando do local.
— Alguém já te falou que você é muito linda? — o rapaz a seguiu. Era só o que faltava.
— Sim. Meu namorado. Todos os dias. — parou na saída para a área de fumante, esperando que o rapaz se mancasse e a deixasse em paz logo.
— Mas ele não está aqui agora, né? — ele deu um sorriso torto, provocativo. Irritante. — Quer dizer, se ele não está aqui, não deve ligar muito…
— Para o quê? — ela cruzou os braços de uma maneira meio torta, já que ainda segurava sua garrafa de água, mas que também deixasse claro que ela não estava gostando do rumo da conversa. — Para minha fidelidade? Para o nosso relacionamento?
— Bom, um namorado que deixa a namorada sair sozinha pra uma balada–
— “Deixa”? — precisou lembrar a si mesma que não era tão forte fisicamente e se pulasse no garoto provavelmente sairia perdendo a briga. Mas uns arranhões naquela carinha branquela não iriam fazer nenhum mal. — Você acha o quê? Que meu namorado é meu proprietário? Que eu dependo do aval dele para viver a minha vida?
— Calma, gatinha. — ele entendeu as mãos, as palmas voltadas para a direção de , como se fosse completamente inocente. — Foi só um comentário.
— Que eu não pedi. Olha, eu acho que está bem claro que eu não tenho interesse. Por favor, me deixa em paz.
E então o rapaz fez a pior coisa que poderia ter feito. A mão esquerda dele segurou o braço direito de com força, a puxando para perto de si. Ela abriu a boca, chocada, pronta para começar a gritar. Sua mão esquerda agiu rapidamente, desferindo um soco no ombro do rapaz. Mas, antes mesmo que ela pudesse começar a pedir por ajuda, dois pares de mão agarraram o rapaz e o puxaram para longe de .
Lori e Maurie postaram-se ao lado de , ambas com expressões nervosas voltadas para o rapaz. Ele deu apenas um passo para trás, olhando confuso para as três garotas.
— Você ‘tá maluco, cara?! — a voz de Maurie parecia mais grave que o normal, nervosa. — Ela claramente disse que não está interessada! Some daqui!
— Se você não sair daqui agora nós vamos fazer o maior escândalo que essa balada já viu! Some! — Lori parecia tão nervosa quanto Maurie, a voz também soando mais grave.
O rapaz lançou um olhar feio para as três, antes de finalmente se afastar, murmurando algo sobre elas serem loucas. então viu Maurie e Lori ficarem de frente para ela, as feições extremamente preocupadas, perguntando se ela estava bem, se ele tinha feito algo com ela, se ela queria ir embora, tudo ao mesmo tempo, sem realmente dar a brasileira tempo para responder.
Talvez fossem as bebidas ou simplesmente a facilidade com a qual se emocionava e chorava, mas quando deu por si as lágrimas já estavam escorrendo por seu rosto e ela já estava puxando Lori e Maurie para um abraço apertado, sentindo-se muito mais segura com as amigas ali, ao seu lado. Após o longo abraço, pediu para que fossem embora, ao que as duas concordaram prontamente.
Dentro do carro, começou a pensar o quanto já havia se afeiçoado às duas. Mesmo que seu primeiro encontro com Lori houvesse sido um desastre, os dois outros encontros haviam sido maravilhosos, e já as considerava amigas – e tinha certeza que elas sentiam exatamente o mesmo. Era novamente sobre como intimidade nada tem a ver com tempo, e sim com a maneira como as pessoas acabavam se ligando.
E pensando em tudo o que havia acabado de acontecer, pensou que, em partes, Tom estava certo. Aquelas garotas haviam salvado-a de um babaca, aceitado a presença dela em sua casa. Aquelas meninas não haviam se aproximado por interesse. E não poderia esconder Tom pelo resto de sua vida, especialmente de pessoas com as quais ela se importava. Quando eles haviam decidido se tornar namorados, todos os prós e contras estavam mais do que claros. E ela não podia continuar agindo como se aquilo não fosse importante.
Então, quando elas já estavam espalhadas em colchões pelo quarto de Lori, após mais longos minutos de conversas e risadas, tomou a importante decisão de apresentá-las para Tom. Mas antes ela precisava se reconciliar com o namorado – ambos tinham errado e precisavam pedir desculpas. E, para isso, ela já possuía o plano perfeito. Tudo o que precisava era contatar Harrison e Jacob.
Faltava dez minutos para as cinco quando chegou ao café combinado – aquele mesmo que elas haviam ido na primeira vez. Ela respirou fundo, sentindo-se um pouco nervosa. Tinha medo de como elas reagiriam a Tom. Não ao ator, exatamente, mas o fato de ter escondido isso delas. Com um pouco de sorte, as duas seriam bastante compreensivas.
Tom já havia avisado que não conseguiria sair do estúdio a tempo de encontrá-las na cafeteria – como eles já haviam imaginado que aconteceria – mas que os quatro poderiam ir comer alguma coisa juntos, se elas aceitassem. Então era tudo uma questão de tempo até que Lori e Maurie chegassem e casualmente sugerisse para que fizessem uma pequena mudança de planos.
Às cinco em ponto um carro escuro parou exatamente na frente de , de onde duas garotas muito bem arrumadas desceram, uma delas loira com um terninho com saia azul claro e cabelos presos em um rabo de cavalo alto. Ao seu lado a ruiva trajava um vestido colorido, coberto por flores. pensou que, comparada as duas, estava muito mal vestida.
Enquanto Lori e Maurie se aproximavam e abraçavam , a brasileira pensou que as três eram aquele grupo clichê de loira-morena-ruiva – mesmo que Lori não fosse loira natural e que na verdade fosse negra e nos clichês geralmente era só uma branca de cabelo preto – que tanto se via, principalmente em desenhos. Elas eram basicamente As Meninas Super Poderosas.
— Então… — falou após Lori fazer menção para que entrassem no café. — Na verdade eu queria pedir para irmos para outro lugar. Se não tiver problema, claro.
— Claro que não, . — Maurie sorriu e balançou os ombros. — Lori, o Walter consegue voltar?
— Walter? — perguntou confusa.
— O motorista do meu pai, que acabou de nos trazer. — porque óbvio que Lori tinha um motorista particular. E totalmente fazia pouco caso disso. — Ele ia buscar meu pai pra levá-lo ao aeroporto, lembra? Desculpa. — ela fez uma careta triste.
— Não tem problema, a gente pega um Uber. — agitou o celular e deu um sorriso amarelo. Ela se sentia tão pobre que era triste de ver.
Ela jogou o endereço que Tom havia mandado no aplicativo e em três minutos um carro já estava parando na frente delas. As três se espremeram no banco traseiro e foram conversando durante todo o trajeto, que era mais longo do que havia imaginado, o que também não era um problema porque ela realmente se divertia conversando com Lori e Maurie.
Quando finalmente chegaram – as três acabaram dividindo o valor da corrida – Lori e Maurie franziram as sobrancelhas para o local. Era um prédio grande, todo feito de vidro, as palavras “Lionsgate” praticamente piscando em dourado. Tom havia dito que aquele não era o estúdio onde as gravações haviam acontecido, apenas a pós-produção.
sorriu para as amigas e fez um sinal para que as acompanhasse. As três entraram no prédio em completo silêncio, observando como o local era maravilhoso. A brasileira então pediu para que as duas esperassem enquanto ela ia até a recepção e falava com a moça que Tom Holland estava aguardando-a.
Com um sorriso absurdamente simpático que todas as recepcionistas do mundo possuíam, ela saiu de trás do balcão e fez um gesto para que as três garotas a seguissem. Todo o caminho até uma pequena sala de espera foi feito no mais completo silêncio, que permaneceu por mais alguns longos minutos mesmo após a recepcionista tê-las deixado sozinhas.
mandou uma mensagem para Tom, avisando que já haviam chegado e estavam em uma salinha de espera, recebendo como resposta um “ok, aqui já está acabando, chego em dez ou quinze minutos!”.
— ? Então… — Maurie olhou incerta para Lori, para então encarar . — O que exatamente estamos fazendo em uma salinha de um dos prédios da Lionsgate?
— Não que estejamos reclamando! — Lori fez um gesto rápido com as mãos, as balançando como se negasse algo. — É só… Incomum, sabe?
— Sei. — deu um risada nervosa e então respirou fundo. — Então… É que eu meio que preciso contar uma coisa pra vocês.
Ela pegou novamente o celular, esperando que Tom houvesse mandado mensagem, mas nada havia acontecido. queria que ele surgisse ali na sala e a poupasse de explicações chatas, mas era óbvio que não aconteceria. Olhou novamente para Lori e Maurie, vendo que ambas a encarava com olhos cheios de expectativas.
— Eu… Ai, lembram como eu falei que vim pra Los Angeles visitar meu amigo? — esperou que as duas confirmassem antes de continuar. — Então, não é bem isso. Eu vim na verdade visitar meu namorado.
— Você e o Harry namoram? Eu sabia! — Lori abriu um enorme sorriso, dando um high-five com Maurie e deixando levemente desconcertada, fazendo uma careta confusa. — Desculpa, mas é que o jeito que você fala dele… Pareceu.
Ok, ela só não ia achar aquilo muito estranho porque havia usado “Harry” para se referir tanto a Harrison quanto a Tom. Se não aquilo teria sido absurdamente bizarro. Antes que pudesse continuar, o celular vibrou em sua calça. Ela conferiu a notificação, vendo uma nova mensagem de Tom. “Ainda não acabei tudo mas consigo passar aí cinco minutinhos, já estou chegando!”. Ok, ela precisava parar de enrolar, a qualquer momento Tom aparecia e as duas não poderiam ter um ataque.
— ‘Tá, não. Eu não namoro o Harry. Na verdade o nome dele é Harrison e eu costumo chamar ele de Haz, não Harry. Enfim. — ela respirou fundo, vendo as duas novamente com expressões confusas. — A verdade é que… Ok, vocês não vão acreditar muito, mas eu meio que namoro o Tom Holland.
Lori e Maurie se olharam por alguns minutos, como se conversassem apenas pelo olhar – o que acreditava ser realmente possível –, em seguida olhando para com um pouco de pena e preocupação, como se ela fosse louca. O que ela não era. Claro.
— Certo… — Lori falou meio incerta, claramente não acreditando em . — O Tom Holland. Tipo… O homem-aranha.
— É.
— Claro. — Maurie balançou a cabeça, também claramente sem acreditar.
— Ele está vindo aí. — lançou um olhar nervoso para a porta. — Ele ‘tá ansioso pra conhecer vocês. Ficou dois dias escolhendo a roupa que ia usar. — ela riu e viu as meninas se encararem de novo, quase com pena de .
— A qualquer momento então ele vai entrar por essa porta? — Lori, Maurie e olharam para a porta exatamente ao mesmo tempo.
Teria realmente sido legal se, naquele exato momento, Tom tivesse entrado. Daria uma dramaticidade interessante para a cena. Mas nada havia acontecido, claro. As três ainda estavam sentadas nas poltronas da sala, voltando a se encarar em silêncio. Lori e Maurie se olharam de novo, como se estivessem decidindo o que fazer com . A brasileira pegou novamente o celular, pronta para mandar uma mensagem para Tom.
Então a porta abriu, assustando as três.
Tom entrou na sala, sorridente. suspirou aliviada e se levantou, indo até o namorado e o cunprimentando com um rápido selinho. Depois se virou para as duas. Lori cobria a boca com a mão direita, parecendo segurar um grito. Maurie estava com as sobrancelhas tão erguidas que corriam o risco de se misturar ao seu couro cabeludo.
— Lori, Maurie, esse é o meu namorado, Tom. Acho que vocês já o conhecem. — queria muito rir. Ela sabia exatamente o que era ser fã e meio que entendia o que aquelas duas estavam passando naquele exato momento.
— Prazer. — Tom parecia não saber muito bem o que fazer. Ele claramente queria cumprimentá-las melhor, mas as duas ainda estavam sentadas em suas respectivas poltronas, completamente estáticas. — falou muito de vocês, eu estava ansioso para conhecê-las.
— Ansioso? — a voz de Maurie soou muito fina. — Para conhecer a gente?
— Sim. — ele riu e deu um passo para frente, estendendo a mão para Maurie. — Você é a Maurie, certo? A que conseguiu um freela pra ? Obrigado por isso, aliás.
Maurie apenas balançou a cabeça, concordando e apertando a mão de Tom. Ele então a puxou delicadamente, fazendo-a ficar de pé, e lhe deu um abraço. riu, vendo o rosto da menina ficar absurdamente vermelho. A ruiva olhou em dúvida para , que apenas deu um sorriso encorajador para ela, e então Maurie finalmente retribuiu o abraço de Tom.
desviou o olhar para Lori, que estava estranhamente quieta. Agora a garota cobria a boca com as duas mãos, parecendo prestes a chorar. sequer podia culpá-la. Ela queria falar algo para a garota, alguma palavra de apoio, mas não sabia exatamente o que falar. Era uma situação complicada.
Tom e Maurie partiram o abraço e ele se virou para Lori. Ele caminhou até ela e, sorrindo, abriu os braços esperando um abraço. Em um movimento rápido, Lori ficou de pé e praticamente pulou no rapaz, fazendo-o dar dois passos para trás enquanto tentava segurar a menina. Maurie exclamou um alto “Lori!” e e Tom começaram a rir.
Quando os dois se separaram, os olhos de Lori estavam completamente marejados e as lágrimas pintavam duas linhas tortas por sua bochecha. Ela fungou e passou as mãos nos rastros, tentando secá-los, mas as lágrimas não paravam de escorrer.
— Ai que vergonha! — ela deu uma risada nervosa, a voz um pouco tremida. — Eu não pretendia chorar, desculpa por isso. ‘Tô me sentindo idiota, desculpa!
— Não precisa pedir desculpas. — Tom deu um sorriso fofo e levou a mão à bochecha de Lori, passando o polegar na região e secando um pouco das lágrimas dela. — A me contou que vocês são minhas fãs. ‘Tá tudo bem.
Com uma última risadinha para Lori, Tom se afastou e foi até , parando ao lado dela e passando o braço por sua cintura, dando-lhe um rápido beijo no rosto. olhou de Maurie para Lori, que pareciam ainda absorver o que estava acontecendo ali, as expressões agora uma mistura de choque e alegria.
— Aliás, eu sei que tirei vocês do café da tarde, então se quiserem podemos sair para comer alguma coisa juntos. ‘Tá meio cedo pra jantar mas tem uma lanchonete legal aqui perto…
— Sim! — Lori respondeu rápido demais, fazendo Tom e rirem e Maurie praticamente dar um tapa na própria testa. — Quer dizer, claro, se não for problema.
— Problema nenhum. Só preciso terminar algumas coisinhas e já venho aqui de novo. Pode ser? Vai ser rápido. — ele esperou Maurie e Lori concordarem antes de se virar para a com um sorriso não-tão discreto e sussurrar para que apenas a namorada pudesse ouvir: — Eu acho que elas estão em estado de choque.
— A culpa é totalmente sua. — ela sussurrou de volta.
Ele deu um rápido beijo em , murmurando um “já volto” antes de repetir a mesma coisa para as duas garotas – que ainda pareciam meio chocadas – e sair da sala, fechando a porta atrás de si. encarou a porta por alguns segundos e então se virou para as amigas a tempo de ver Maurie soltar um suspiro alto e se jogar novamente na poltrona.
Agora as duas encaravam , fazendo-a engolir em seco. Se elas iriam lhe odiar pelo resto da vida aquele era o momento perfeito para que dissessem tudo o que estavam pensando. Alguma coisa sobre como foi errado ter mentido para as duas sobre uma parte tão importante de sua vida, por exemplo.
Mas o que aconteceu foi Lori pulando nos braços de e a abraçando com tanta força que a brasileira sabia que não ter caído havia sido um senhor milagre. Ela abriu a boca para perguntar o que exatamente era aquilo, mas logo Lori estava repetindo a palavra “obrigada” sem parar. então franziu as sobrancelhas e a afastou com cuidado, vendo as lágrimas no rosto da garota acompanharem um sorriso gigantesco.
— Quê? Vocês não tão tipo… Bravas? — foi a coisa extremamente inteligente que conseguiu falar.
— Bravas? Como é que nós poderíamos ficar bravas, ? — Lori agora ria sem parar, parecendo aquela coisa de sol-e-chuva, mas rindo-e-chorando. Era um nível altíssimo de emoção, tinha certeza. — Você acabou de nos apresentar nosso ator favorito!
— É, mas… Eu escondi isso de vocês. Menti, na verdade.
— E daí? — foi Maurie quem respondeu, levantando-se e aproximando-se das duas com um sorriso tão grande quanto o da loira. — Você nem conhecia a gente direito, claro que não ia sair falando isso assim. Na verdade acho até que você nos contou rápido.
— Quando você não gritou comigo por ter derrubado todo seu milkshake eu sabia que você era uma pessoa incrível. Eu teria surtado no seu lugar. — Lori riu, secando novamente as lágrimas.
— Na verdade por dentro eu queria te matar. — as três riram. — E eu só queria dizer que depois que vocês enfrentaram aquele cara por mim na balada eu não podia continuar escondendo as coisas de vocês.
— Abraço em grupo! — Lori quase gritou, puxando Maurie e para um abraço apertado.
As três ficaram rindo, abraçadas e falando coisas desconexas que nenhuma delas conseguia entender de verdade. E mesmo o barulho da porta sendo novamente aberta não foi o bastante para separar as garotas.
— Uau, que momento lindo. — a voz animada de Tom preencheu a sala, finalmente levando a três a se separarem e o encarar. — Desculpa, não queria atrapalhar. Mas nós já podemos ir, se vocês quiserem.
Elas riram e concordaram, os quatro saindo da sala juntos, as meninas começando a se soltar mais e contando um pouco mais sobre elas para Tom. segurou a mão do namorado, entrelaçando seus dedos, e observou as amigas. Aquilo parecia certo, e ela estava realmente feliz por finalmente tê-los apresentado.
A primeira coisa que ela fez ao chegar em casa foi jogar “Tom Holland namorada” no Google. Primeiro ela leu três notícias sobre rapaz ter soltado durante um programa de rádio que estava namorando, e apenas uma delas trazia o áudio com a entrevista.
— Mas aqui em Los Angeles também tem muitas coisas legais para fazer! — o locutor parecia defender a cidade. Aparentemente estava acontecendo uma comparação entre Los Angeles e Londres.
— Eu sei! Eu gosto daqui, juro! Já visitei um monte de locais maravilhosos! — a risada de Tom ecoou levemente.
— Você foi no Cinespia? É o meu preferido.
— Fui com a minha namorada há algum tempo. É realmente um lugar incrível.
Alguns segundos de silêncio.
— Sua namorada? — a voz chocada do locutor e então um sussurro por parte de Tom. tinha certeza que ele tinha falado um palavrão. — Não sabia que você namorava. A gente conhece?
— Pois é… Isso é tudo que posso falar sobre o assunto sem me complicar com ela, desculpa. — e uma risadinha de Tom que ela sabia ser bem nervosa.
suspirou e tirou o fone de ouvido. Depois decidiu procurar algumas teorias sobre a nova namorada de Tom. 99,9% das pessoas tinham certeza que Tom havia acabado de confirmar o namoro com Zendaya. revirou os olhos e bufou. Claro que a teoria Tomdaya permanecia firme e forte.
Não que realmente fosse um problema. Achar que os dois estavam juntos já era a coisa mais comum de todas desde o lançamento de Homecoming, era quando o ship havia começado. E permanecia firme e forte, mesmo que não fosse real. E até mesmo se fosse verdade seria um excelente casal, confessava. A amizade deles era divertida e ela tinha certeza que o relacionamento também seria.
Ao mesmo tempo ela não conseguia não sentir um pouco de ciúmes – bem pouco mesmo. Ninguém tinha ideia de que a namorada era . Óbvio, porque ninguém sabia quem ela era. Mas mesmo assim a incomodava um pouco o fato de que, se eles não levassem mesmo a público, ninguém iria saber quem era .
Não que ela quisesse ser conhecida, ainda mais por ser apenas a “namorada do Tom Holland”. Ela só não queria ser ignorada.
Era contraditório e complicado e odiava isso.
— Ei. — a voz de Tom soou desanimada quando ele entrou no quarto, tirando os sapatos e subindo na cama de casal, sentando-se ao lado de .
Ela abriu um sorriso pequeno, inclinando-se na direção do namorado e lhe dando um beijo rápido na bochecha, vendo sorrir um pouco. Então Tom suspirou, desviando os olhos para a tela do celular de e soltando um suspiro.
— Acho melhor eu começar pedindo desculpas, né?
— Desculpa por quê? Eu acho é que demorou pra acontecer. — ela riu quando Tom inclinou a cabeça e estreitou os olhos, o olhar falando “sério mesmo?” — Mas falando sério… Não tem porque pedir desculpas. De verdade.
— Ai meu deus. — ele suspirou de novo, endireitando a cabeça e rindo. — Eu sou muito idiota, né? Por isso ninguém nunca me conta nada.
Os dois riram por dois segundos e ficaram em silêncio de novo, apenas se encarando. Era óbvio que eles estavam pensando em tudo o que aquilo implicaria. Se ela quisesse se manter anônima praticamente não poderia mais sair com Tom. Ele agora teria que responder sobre ter uma namorada em toda entrevista que fosse dar. E com certeza teria o dobro de paparazzi em seu pé.
— E agora? — ela finalmente perguntou depois de longos segundos de silêncio.
— Agora a gente vai levando. — eles riram da resposta vaga de Tom. — E, quando estivermos preparados, a gente deixa todo mundo saber sobre você.
Porque era óbvio que era apenas uma questão de tempo até que descobrissem quem era ela.
— E aí quando descobrirem… Espero que alguém me dê um emprego na minha área. Eu totalmente vou usar a cartada “namorada do Tom Holland”.
— Achei que você não fizesse essas coisas.
— Eu estou desesperada! — ela riu e colocou o celular na mesa de cabeceira, ficando de pé na cama e pulando em Tom, fazendo-o perder o ar momentaneamente. — Eu preciso ficar rica pra poder continuar morando com o meu namorado! Imagina se descobrem que eu moro em um país diferente?
Rindo, os dois deitaram abraçados, decidindo que, por enquanto, manteriam o que ainda restava do segredo.
— … e aí tivemos que gravar aqueles stories e é por isso que o Tom não está aqui hoje, almoçando com a gente. — balançou os ombros, finalizando sua história.
Ela havia encontrado com Maurie e Lori no restaurante combinado – uma pausa para falar sobre Lori quase chorando ao conhecer Harrison – e então contado a história completa sobre como ela e Tom haviam assumido o namorado para o público por meio do instagram do amigo.
— Ai, , eu nem sei o que falar. — Maurie fez uma careta chateada. — Eu não consigo nem imaginar o que você ‘tá passando.
— Olha, não é muita coisa, pra ser sincera. — deu uma pequena risada que continha um pouco de humor. — Tem muita coisa muito pior que pode acontecer. Quer dizer, o Haz não mostrou nenhum comentário, e eu não tentei pesquisar pelo meu próprio bem, então imagino que não sei da pior parte. É só que… tudo isso aconteceu tão rápido, e bem quando falta quatro dias pra eu voltar pro Brasil que–
— Quantos dias? — Lori a interrompeu praticamente gritando, não alto o bastante para chamar atenção de todo o restaurante.
— Quatro.
— Você vai embora no domingo?! — dessa vez foi Maurie quem praticamente gritou. — , como que você não tinha contado isso pra gente?!
ficou em silêncio, olhando de Lori para Maurie. O que ela poderia falar? Que estava adiando aquela conversa por que não suportava mais o clima mórbido que já estava sentindo diariamente por saber que se afastaria de Tom e Haz e não queria que piorasse com as duas? É, era egoísmo mas fazer o quê, né.
— Desculpa. — foi apenas o que ela conseguiu falar.
— Que merda. — a testa de Lori provocou um “tuc” alto ao se encontrar com força contra a madeira da mesa. — Você foi forçada a assumir o relacionamento, vai embora domingo, a Maurie ‘tá pra ser demitida… por que tudo tem que dar errado ao mesmo tempo?
— Demitida? — arregalou os olhos, virando-se para uma Maurie que agora fazia uma careta chateada.
— Não tenho certeza, mas acho que sim. — a ruiva suspirou, cutucando Lori para que ela levantasse quando viu o garçom se aproximar com seus pedidos. — Desde que eu subi pra direção de arte nós não conseguimos fechar nenhum cliente grande. Nenhum cliente cancelou contrato, claro, mas também não teve nenhum novo. Eu tenho certeza que vão jogar em mim de alguma forma.
— Mas isso não deveria ser conversado com o atendimento?
— Sim, mas qualquer um pode falar que minhas campanhas não estão chamando tanto a atenção assim. Você sabe como é essa área…
As três ficaram um bom tempo em silêncio, não aproveitando tanto assim a refeição. Quer dizer, obviamente a comida era incrível, mas nenhuma das três estava exatamente em um momento feliz. nem conseguia imaginar o tamanho da pressão que Maurie estava sofrendo no emprego. E mesmo que Lori não estivesse pessoalmente passando por um momento complicado, sabia que a loira estava extremamente preocupada com ela e Maurie porque Lori era o tipo de amiga que sofria em conjunto.
— ‘Tá, não, não tem como ficar assim! — Lori falou tão de repente que quase pulou, errando o corte de sua carne e derrubando um pouco de comida do prato. — O que vamos fazer: sexta vamos pra balada, uma dessas bem exclusivas porque aí você pode levar seu namorado, , e ninguém vai encher o saco de vocês. E nós vamos beber, dançar e esquecer por uma noite o tanto de merda que ‘tá acontecendo! Combinado?
Maurie e se olharam, rindo e concordando. Ainda bem que elas tinham Lori em suas vidas.
Uma coisa interessante sobre baladas era que elas sempre pareciam exatamente iguais. Então aquele local era muito parecido com o que Lori e Maurie haviam levado há alguns dias. Apesar de claramente ser mais caro porque tinha certeza de que, se juntasse as roupas de todas pessoas ali, não daria tudo o que ela havia gastado em sua vida. E não era exagero.
Infelizmente essa festa em específico não era open bar, então ela realmente estava tentando não exagerar na bebida. O que era difícil porque toda hora Tom, Harrison, Lori ou Maurie apareciam com uma nova bebida em mãos, oferecendo para . Ela era muito claramente a amiga pobre do rolê.
No início até tentava negar, mas após o quarto copo de alguma bebida com muita vodca ela já não estava mais se importando, aceitando praticamente tudo o que seus amigos colocavam em sua mão, e logo ela mesma estava pedindo para o bartender umas bebidas mais caras e das quais ela com certeza se arrependeria no futuro.
Em algum momento Lori e Maurie a levaram para a pista de dança, onde as três dançavam no ritmo de alguma música eletrônica da moda. reclamou de não tocar funk e como aquele país precisava de um pouco de funk para melhorar as baladas, mas como nenhuma das duas entendia o que queria dizer ela acabou desistindo e apenas aceitando que teria de dançar músicas eletrônicas.
não viu exatamente como ou quando, mas logo Lori havia se afastado com alguma outra garota, deixando apenas Maurie e na pista de dança. Não muito tempo depois Harrison se aproximou, pedindo licença e puxando Maurie para longe, deixando apenas na pista.
O que era um saco.
Ela bufou e voltou para o bar, pegando uma dose de vodca pura porque o sabor era simplesmente maravilhoso. Começou então a andar sem rumo pela balada, vendo vários jovens dançando, se beijando. Ela virou sua dose de vodca de uma vez, e o simples fato de que havia sentindo absolutamente nada ao beber aquela quantidade de álcool naquela rapidez deveria ser um bom indicativo de que ela já havia bebido demais. O que, claro, ignorou.
Pela meia hora em que ficou sozinha na festa, andando de um lado para o outro, pegou mais e mais bebidas, ingerindo-as cada vez mais rápido. Dentro de si existia uma voz baixa que dizia que aquela era provavelmente uma péssima ideia mas se ela estivesse em condições de pensar direito…
Após tempo demais rodando sozinha, finalmente conseguiu encontrar Tom em um canto, parecendo conversar animadamente com uma moça que ela sabia que não conhecia mas, ao mesmo tempo, tinha a impressão de que já havia visto-a – provavelmente pela própria balada, óbvio. se aproximou dos dois, um sorriso enorme no rosto.
— Amoooooor! — ela falou arrastado, praticamente se jogando em Tom, sentindo os braços dele se fecharem ao redor dela e a segurando. Helan tinha certeza que, não fosse pelo namorado, ela teria beijado o chão. Olhou para a menina e abriu um enorme sorriso. — Oi, você. Eu sou a .
— Oi, . — a menina riu, acenando. — Você é a -namorada-do-Tom que ele não para de falar sobre?
— Eu! Sim, sou. Eu. — ela riu de si mesma. Não tinha percebido que estava com dificuldades de formular frases. Hum. Interessante.
— E ela está completamente bêbada, aparentemente. — Tom riu, apertando um pouco mais contra si, a lançando um olhar preocupado. — Será que a Lori vai demorar muito?
— Não sei, a fila do banheiro tava meio grande… — a garota respondeu também com um olhar preocupado. Ah, era isso! Era a garota que estava ficando com Lori.
— Eu ‘tô achando que vou ter que levar essa aqui pra casa… — o rapaz apontou para , arrancando uma risada da menina.
— Eu não ‘tô bêbada! Você que ‘tá embaçado! — falou alto, afastando-se de Tom e ficando de pé sem a ajuda dele. Por dois segundos. Os reflexos dela estavam tão comprometidos que sequer conseguiu amortecer a própria queda com as mãos, o rosto batendo com força contra o chão.
— Você ‘tá ótima. — ela novamente sentiu os braços fortes de Tom ao seu redor, levantando-a com alguma facilidade. Era bom ter um namorado forte. — Eu realmente acho melhor levar ela para casa. Você avisa a Lori, por favor?
— Aviso. Foi um prazer te conhecer, Tom. E você também, .
— Eu sou prazer! Quer dizer, eu também! — franziu as sobrancelhas sem conseguir se entender.
— Até mais! — Tom riu e logo sentiu-se ser praticamente carregada pela balada.
não se lembrava de ter pagado a conta. Ou de ter entrado no Uber. Ou de ter entrado no elevador. De repente ela estava entrando em casa, praticamente nos braços de Tom. Ela não fazia ideia de que horas eram, mas sabia ser tarde.
— Nós temos que fazer silêncio. — levou o indicador ao lábio e fez um sonoro “shhhh”.
Tom revirou os olhos, segurando a namorada pela cintura, tentando ajudá-la e a se movimentar. Ela tentou andar até o sofá mas por algum motivo o chão não estava mais plano. Ela realmente não entendia o que estava acontecendo. Logo sentiu Tom a segurando novamente. Pronto, agora não conseguia nem ficar em pé sem ajuda.
— Não precisa fazer silêncio, . Só estamos nós dois em casa.
— Cadê o Haz? A gente esqueceu o Haz! — ela tentou se ajeitar melhor, mas ainda tinha dificuldades em permanecer de pé sem a ajuda do namorado.
— Ele ficou na festa, amor. Senta aqui, vou pegar um copo d’água pra você. — Tom a guiou até o sofá, em seguida pegando um enorme copo d’água e entregando para a namorada. levou o copo à boca, deixando que algumas gotas escorrerem por seu queixo.
— O Haz ficou sozinho?! Tom, a gente tem que buscar ele! — a voz dela atropelava as sílabas, nada fazendo muito sentido.
— Ele ficou com a Maurie e a Lori, . — Tom suspirou, sentando-se ao lado dela e sentindo um forte cheiro de álcool. — Você derrubou bebida em você mesma?
Ela franziu as sobrancelhas e levantou a gola da própria blusa, cheirando e franzindo as sobrancelhas em seguida fazendo uma careta e dando uma risadinha culpADA. De repente uma memória estalou na mente de , seus olhos arregalando.
— Tom, a Maurie e o Harrison ficaram!
— Foi o que eu disse, eles ficaram na festa…
— Não, Tom! Tipo, beijando! — balançou a cabeça e se arrependeu na mesma hora. — Eu tava dançando com a Maurie aí o Haz veio e eu nunca mais vi eles!
— Sem ofensa, amor, mas acho que nesse nível de bêbada você não viu muita coisa. — ele riu e ela sabia que, se estivesse conseguindo processar bem as coisas, teria ficado levemente brava. — Eu duvido que eles tenham ficado desse jeito. Mas depois a gente pergunta pra eles. Agora vem, é melhor você tomar um banho.
Ele foi com ela até o banheiro, apenas observando quando ela tentou tirar o short e quase caiu contra o boxe, sendo segurada por Tom. Ele então pediu para que ela se apoiasse na pia, abrindo o short da namorada e o puxando para baixo. Depois pediu para que a garota permanecesse apoiada na pia, segurando a barra da blusa de e subindo-a por sua corpo, deixando a namorada apenas com a roupa íntima.
— Nós vamos transar no chuveiro? — ela perguntou animada demais, o que fez Tom rir um pouco.
— De jeito nenhum. — ele riu da careta que ela fez enquanto ele tirava o sutiã dela.
— Por quê? Eu sei que você também gosta, e temos que continuar o que começamos antes da festa. Você parecia bem animado aquela hora.
— Eu estava, mas agora você está totalmente bêbada, . — ele finalmente tirou a calcinha dela, a guiando para baixo do chuveiro. — Você acha que consegue tomar banho sozinha?
— Eu não sou uma criança, Tom! — ela reclamou antes de escorregar de novo e se segurar nele.
Ele riu, pedindo para que ela esperasse um minuto, apenas o tempo para que ele também se despisse e entrasse embaixo do chuveiro com a namorada. Apesar das palavras de , Tom sentia como se estivesse cuidando de uma criança, ajudando-a a se ensaboar, segurando o cabelo dela para que não molhasse e depois ajudou-a a se secar. Enrolados na toalha, Tom os guiou até a cama, dando apenas uma camisola para que a vestisse e ele mesmo colocando apenas uma cueca.
Ele então se deitou ao lado da namorada, que já fechava os olhos, mas um sorriso enorme ainda em seu rosto.
— Eu nunca mais te deixo beber tanto. — ele balançou a cabeça, vendo-a dar uma risada culpada.
— Desculpa, amor. Eu prometo que me comporto na próxima.
— Você se comportar? Qual seria a graça?
Ele a abraçou, deixando que se apoiasse no peito dele e dormisse.
se sentia péssima.
Ela estava sentada no chão, encarando a cama, onde sua mala estava fechada, com todas as roupas guardadas. A bagagem de mão também estava ali, fechada, com sua escova de dentes, pente, maquiagens e alguns remédios. Tudo estava pronto para que fosse embora de Los Angeles.
Ela suspirou, o olhar voltado para as malas mas sem realmente olhá-las. Sua mente estava completamente perdida no fato de que dali poucos minutos ela iria pegar um Uber para o aeroporto – e por mais que ela quisesse muito que Tom a levasse, sabia que ele não podia porque a droga do mundo ainda queria descobrir mais sobre a namorada de Tom Holland e eles não podiam deixar que a descoberta fosse justo sobre ela pegando uma droga de avião para o Brasil.
Finalmente se levantou, pegando as malas e as arrastando até a sala, onde Tom, Harrison e Jacob já a aguardavam. Assim que viu os três, sentiu a maior vontade do mundo de chorar. A despedida era um momento péssimo, o pior de todos. Um que ela realmente não queria enfrentar. Mas seu Uber chegaria em quinze minutos para a viagem agendada.
— Ah, … — Harrison foi o primeiro a falar, aproximando-se da garota e lhe dando um abraço absurdamente apertado. — Eu vou sentir tanto a sua falta…
— Eu também vou sentir a sua. — a voz dela soou abafada, o rosto dela escondido no corpo de Harrison. Era péssimo lembrar que logo menos não mais teria-o implicando com ela diariamente. — Me promete que você vai continuar cuidando do Tom?
— É literalmente meu trabalho. — o loiro deu aquela famosa risada sem humor, se afastando da menina após mais alguns segundos.
Depois foi a vez de Jacob abrir os braços, deixando que se perdesse em mais um abraço. Ela pensou que em seu tempo em Los Angeles não havia passado tanto tempo com Jacob como gostaria e aquilo era realmente um de seus maiores arrependimentos. Mas era tarde demais.
— Obrigada por ter sido a pessoa responsável por uma das melhores coisas da minha vida. — ela sussurrou para que apenas o rapaz escutasse.
— Obrigado por ser tão incrível e por fazer meu amigo tão feliz. — as palavras de Jacob deixaram o coração da garota ainda mais apertado enquanto eles partiam o abraço.
Então havia Tom.
O rapaz lhe encarava com um sorriso pequeno e tão claramente forçado que parecia doer. Ela ouviu Harrison e Jacob falarem algo sobre deixar os dois a sós mas nem prestou muita atenção. De fato logo estavam apenas os dois na sala e sentiu-se finalmente segura para chorar. Ela e Tom se mexeram exatamente ao mesmo tempo, os corpos se buscando em um abraço tão apertado quanto o de Harrison, mas com muito mais sentimentos do que ela sequer seria capaz de descrever.
se sentia triste e brava. Por um mês ela e Tom haviam deixado de conversar a respeito daquele dia, de sua partida. Por um mês inteiro, sempre que aquele assunto chegava, Tom dizia que as coisas dariam certo.
Mas não deram.
Por que ela estava com as malas prontas e ia pegar o avião de volta ao Brasil em poucas horas.
Nada tinha dado certo.
Nada.
— Eu te amo. — ele sussurrou e ela sentiu vontade de gritar. Ela também amava ele, óbvio. E isso tornava tudo ainda pior.
— Eu te amo. — ela repetiu e fungou, afastando-se do abraço e secando as lágrimas. — Eu vou sentir sua falta.
— Eu te prometo que, na minha primeira folga maior, eu é quem vou te visitar no Brasil. — ele acariciou a bochecha dela, seus olhos também avermelhados por conta das lágrimas.
— Aí vou te levar pra um tour incrível pela minha cidade. E você vai conhecer a Eduarda, a Gisele e o Juliano pessoalmente. E o Flávio e a Thaís, porque família. E… merda. — ela voltou a se aproximar dele, beijando-o com toda vontade, como se aquele fosse de fato o último beijo deles.
Porque, por tempo indeterminado, realmente era o último beijo.
Ela sentiu o celular vibrar no bolso, afastando-se de Tom e vendo uma mensagem do motorista do Uber, avisando que havia se adiantado uns minutos e já estava no portão do prédio, aguardando-a. Ela engoliu em seco, avisando que já estava descendo.
Chamou Harrison e Jacob novamente, vendo-os pegar as malas dela e a acompanhar até o elevador. Haviam combinado que ela desceria sozinha, e entraria sozinha no Uber. Nunca sabia se algum paparazzi estaria de tocaia pelos arredores. Com um último abraço nos amigos e um último beijo no namorado, entrou no elevador, vendo a porta se fechar e separá-los pelo que seria um longo tempo.
Ela chorou por todo o trajeto até o aeroporto. Tinha certeza que o motorista do Uber estava preocupado – ou desesperado – e ele até mesmo tinha perguntado se ela queria fazer uma parada ou voltar, mas havia dito que tudo estava bem e eles podiam continuar. Não tinha certeza se o motorista havia entendido, já que o inglês com sotaque brasileiro misturado com muito choro não era exatamente eloquente.
Quando ela desceu e viu o carro do Uber partindo, a realidade pareceu ainda mais pesada. Tudo o que restava era continuar seu caminho, entrar no avião e voltar para sua vida. Mas ela mal teve tempo de chegar dentro do aeroporto quando seu celular começou a tocar – o que a fez lembrar que logo ela teria que aposentar aquele número.
— ! — a voz de Maurie soou ansiosa do outro lado. — , onde você ‘tá?
— Entrando no aeroporto. Por quê?
— Não entra! Sai daí! Pega um Uber e vem pro nosso café! — “nosso café”, aquele mesmo de quando elas se conheceram e saíram juntas pela primeira vez.
— Não dá, Maurie. Logo meu voo sai, eu tenho que fazer o check-in e essas coisas chatas.
— Você não tá entendendo, . — a garota suspirou do outro lado da linha, a voz ainda desesperada. — Não é pra você fazer check-in e entrar nesse voo. Você tem que vir me encontrar.
— O que ‘tá acontecendo?
— Só vem e, se você ainda precisar, eu juro que eu mesma compro uma passagem para você voltar para o Brasil.
— Eu não ‘tô acreditando que aceitei essa sua loucura. — arrastou as malas pelo café, sentando-se de frente para Maurie, que exibia um sorriso aliviado.
— E eu ‘tô feliz de ter te alcançado a tempo. — a ruiva sorriu, fazendo um sinal para que o garçom se aproximasse e ela mesma pedisse um café preto para .
— Você não deveria ter pedido nada. — a brasileira disse enquanto via o garçom se afastar. — Eu ainda preciso voltar para o aeroporto.
— Ou não. Aconteceu uma coisa.
2 dias antes, na balada
— Uau, vocês estão arrasando nessa dança. — Harrison riu enquanto se aproximava de Maurie e , que dançavam de uma maneira bastante desengonçada (especialmente ). — Ei, eu preciso um pouquinho da Maurie. Já devolvo.
Ele fez um sinal para a ruiva o acompanhasse, saindo do local onde a música alta tocava e indo até a área de fumante, onde várias pessoas conversavam ao ar livre. Conforme se aproximavam de um rapaz não tão mais velho que eles, Maurie fez uma careta desconfiada.
— Maurie, esse é um amigo meu, Gerald. Gerald, essa é a Maurie, daquela agência que eu tava te falando. — Maurie então abriu um enorme sorriso, apertando a mão de Gerald educadamente, vendo o homem repetir o gesto. — O Gerald trabalha em uma das partes responsáveis pela comunicação dentro da Sony. A gente se conheceu na época que o Tom tava filmando Homecoming.
— Ah. — ela abriu a boca, levemente chocada, mas se recuperou rapidamente. — É um prazer.
— O prazer é meu. — Gerald sorriu, apagando o próprio cigarro e desencostando da parede. — O Haz me contou que sua agência está procurando novos clientes, certo? — um olhar rápido de Maurie claramente perguntava “como você sabe”, portanto Haz apenas movimentou os lábios dizendo “”.
— Sim, nós estamos querendo fechar novas parcerias. Já trabalhamos com alguns nomes grandes, mas esperamos…
Harrison sorriu e se afastou, deixando que os dois conversassem sobre negócios. Em uma balada. Pela noite inteira.
— … e então ontem, no sábado, o Gerald foi até a agência, eu apresentei trocentas campanhas e agora de manhã ele me ligou para nós podermos assinar o contrato amanhã! — o sorriso de Maurie ia de orelha a orelha, iluminando seu rosto. — A agência vai fechar um contrato com a Sony!
— Maurie, isso é incrível! — imitou o sorriso da amiga. Não tinha como aquilo ser melhor. Aliás, Harrison era incrível. — Você merece!
— Não, , eu tenho que te falar a melhor parte. — as mãos de Maurie atravessaram a mesa, esperando que as segurasse, o que a brasileira fez rapidamente. — Eu vou precisar de mais gente na minha equipe e eu quero você!
continuou segurando a mão de Maurie, completamente estática. Ela queria falar alguma coisa, queria agradecer, gritar, chorar, rir, fazer tudo ao mesmo tempo. Porque sua amiga havia acabado de lhe oferecer um emprego para que ela continuasse ali, em Los Angeles. Aquela era simplesmente a melhor coisa que poderia acontecer em sua vida. E mesmo que não fosse especificamente Marketing, que era de fato sua área, design também era algo que gostava.
E ela poderia ficar ali.
Em Los Angeles.
Com Tom.
Então começou a chorar. Aquele estava sendo um dia absurdamente emocional e ela simplesmente não tinha preparação psicológica para lidar com o tanto de informação que lhe estava sendo apresentada. Maurie se levantou, arrastando a cadeira para o lado de e a abraçando a garota. A brasileira se deixou enterrar o rosto no ombro de Maurie, mesmo sabendo que estava molhando a ruiva com suas lágrimas.
— Maurie, isso… — ela fungou, afastando a cabeça do ombro da amiga, as lágrimas ainda se acumulando em seus olhos. — Eu nem sei o que dizer.
— É só dizer que aceita, . — a ruiva acariciava as costas de . — De maneira indireta, eu só tive essa oportunidade por sua causa. É minha maneira de retribuir. Sem contar que você já mostrou fazer excelentes trabalhos de design, então vai ser uma adição incrível à minha equipe. O Brasil é conhecido por excelentes campanhas publicitárias…
riu, se sentindo boba e balançando a cabeça, confirmando. Era óbvio que ela aceitava. Ela ia ter um emprego. Ia pode ficar em Los Angeles. Precisava avisar Tom, Flávio, seus amigos… Meu deus, ela tinha tanta coisa para fazer! Então simplesmente levantou, limpando o rosto e fazendo um sinal para que Maurie também se levantasse.
— Eu preciso ir. Eu tenho que avisar o Tom, fazer algumas ligações, eu… Vem, vamos comigo, vou pedir um Uber pra gente.
— Você… Você ‘tá me convidando pra ir pra casa do Tom Holland? — a ruiva sussurrou, parecendo chocada.
— Não. Eu ‘tô te convidando pra ir pra minha casa, porque ai desse meu namorado se ele não me deixar morar com ele.
Maurie riu e correu para o caixa enquanto chamava o milésimo Uber do mês, o primeiro que não pesava sua consciência. Logo ela teria dinheiro para pagar seu cartão de crédito porque ela passaria a ganhar em dólares. E enquanto chamava o Uber, riu sozinha, lembrando que durante todo aquele tempo Tom havia falado a verdade.
As coisas realmente haviam dado certo.
O barulho do Skype chamou a atenção de , que correu até a ilha da cozinha, onde estava o notebook, rapidamente aceitando a chamada. Do outro lado da tela viu Flávio, Thaís, Juliano, Eduarda e Gisele, todos parecendo ainda mais apertados do que nunca para caber no alcance da câmera.
— ! — a primeira pessoa a lhe cumprimentar foi Flávio, causando um fortíssimo aperto no coração da garota. Como ela sentia falta do seu irmão! — Meu deus, você ‘tá mais linda do que nunca. Eu ‘tô com tanta saudade, Ratinha!
— Não, essa chamada mal começou, eu não posso já chorar. — ela balançou a cabeça, arrancando risadas dos cinco.
puxou um banquinho e se ajeitou melhor de frente para o notebook, encarando os cinco brasileiros mais importantes da sua vida, dando um sorriso saudosista.
— , nós invadimos a casa do seu irmão só pra todo mundo poder conversar com você ao mesmo tempo. E o que queremos saber é: conta! Tudo! — Eduarda arrancou risadas de todos com seu desespero por informações.
— Essa semana foi uma loucura! — riu, finalizando com um suspiro. — Eu passei muitos dias correndo atrás de mudar meu visto para trabalho, o que foi meio complicado porque com essa pele escura eu não sou exatamente o sonho do “make America white again” — a expressão de todos se contorceu em uma careta de nojo e desaprovação. —, então eu meio que precisei de forças superiores, leia-se: minha novíssima chefe Maurie e meu namorado famoso Tom. Mas no fim, depois de uma pequena luta, meu visto vai ser transferido para visto de trabalho e eu vou poder ficar mais alguns anos aqui nos Estados Unidos!
— E você avisou o dono do bar aqui que você não ia voltar das suas férias?
— Ah, ele me ligou! — foi Juliano quem falou, balançando a cabeça. — Ele pareceu super chateado. Aposto que não sabe se vai encontrar outra funcionária que engula tanto sapo quanto você.
— Nem me lembre disso. — revirou os olhos. — Isso foi outra loucura, porque agora eu preciso cancelar minha conta bancária brasileira, meus cartões… E é bem complicado fazer isso a alguns países de distância. Mas não impossível! Enfim, o dono do bar ficou chateado mas entendeu. Quer dizer, eu consegui um emprego na minha área em Los Angeles, é óbvio que eu iria preferir ficar aqui.
— , o Flávio me contou toda a história muito por cima porque ele é o pior noivo do mundo. — Thaís fez uma careta na direção do rapaz, fazendo todos rirem. — Como seu namorado reagiu quando descobriu que você ia continuar aí em Los Angeles?
— Nossa, quando eu cheguei na casa dele– quer dizer, nossa casa — a frase arrancou alguns sorrisos bobos e um “awn” de Gisele. —, ele ficou em estado de completo choque, achando que eu tinha perdido o voo, que alguma coisa tinha acontecido. E quando eu expliquei o que realmente estava acontecendo e que eu não precisaria mais ir embora… foi uma alegria sem limites.
— Aposto que vocês fizeram vários sexos de comemoração. — Eduarda balançou a cabeça, recebendo vários “porra, Eduarda” e um forte tapa de Gisele. Flávio abaixou a cabeça com uma careta que misturava tristeza e nojo. Saber sobre a vida sexual da irmã mais nova com certeza não era uma prioridade para o homem.
— Enfim. — preferiu simplesmente ignorar aquele comentário da amiga. — Foi a maior festa e tudo está se encaixando e nós estamos muito felizes, obrigada.
A porta do apartamento foi aberta por Tom, que entrou com uma cara animada. Ele foi até , lhe cumprimentando com um beijo no rosto e acenando para todas as pessoas “presentes”.
— E a chegada dele é provavelmente minha deixa para me despedir de vocês. — falou em inglês para que o namorado também pudesse entender, pensando no tamanho de seu privilégio por ter família e amigos que também falavam a língua.
— Mas espera, quando você vem pro Brasil de novo? — Gisele perguntou também em inglês. Era bom ver que todos se esforçavam para manter Tom na conversa.
— Isso eu respondo. — foi Thaís quem falou, o sotaque britânico e carregado. De todos ali a loira era a única que havia aprendido o inglês britânico quando fez curso, o que claro chamava uma atenção especial de Tom. — Setembro. No meu casamento. E o Tom também vai vir. Acertei?
— Com certeza. — foi Tom quem respondeu, rindo. — Até porque eu não vejo a hora de conhecer todos vocês pessoalmente.
Todos se despediram por mais tempo que o necessário e finalmente encerraram a ligação. soltou um suspiro feliz, abraçando Tom que ainda estava em pé ao seu lado. Com tudo o que havia acontecido naqueles últimos dias tudo o que ela conseguia pensar era o quanto estava feliz e, mais importante: estava em casa.