Sinopse: “E é assim que você me faz lembrar de quem eu realmente sou”.
A principal da história perde a memória, após ser atropelada, quando ela volta para sua cidade natal tem ajuda do seu amigo de infância para ajudá-la a lembrar dos momentos em que viveram juntos. Mas, e da paixão que ela sente por ele, será que ela vai querer se lembrar?
Gênero: Romance
Classificação: 16 anos
Restrição: contém palavrões e insinuações a sexo
Betas: Rosie Dunne
Estava sentada na varanda da minha antiga casa em Busan olhando para o jardim lindo e bem cultivado na frente da residência, fingindo estar calma com o que estava prestes a acontecer. O clima era agradável, o que me possibilitava vestir apenas um cardigã por cima da blusa. Disseram-me que nessa época do ano costumava fazer muito frio por aqui, mas não era o que acontecia hoje. Disseram, do verbo eu não lembro nem como as estações funcionam em minha cidade a ponto de precisar que desconhecidos me contem a respeito. O tempo em Busan não era a única coisa que eu havia esquecido no último mês. Eu também não lembrava o meu nome, a minha idade, dos meus amigos ou sequer da minha família.
Eu não sabia qual era minha história; não sabia quem eu era.
Passei o dedo sobre a cicatriz em minha cabeça, trinta dias depois e ela ainda me intrigava. Respirei fundo frustrada com toda a situação, repassando mais uma vez a história que tinha escutado no hospital: , a moça que tinha sido atropelada e batido a cabeça forte o bastante para esquecer de si mesma. Esse era o jeito resumido de contarem minha história aos curiosos, já que por uma semana eu tinha sido atração principal do hospital em que estava. Até aquele momento, tudo o que eu sabia sobre mim tinha sido falado por terceiros, e eu me obrigava a acreditar, já que era o que me restava.
Após baterias de exames, fui diagnosticada com amnésia retrógrada e, por causa disso, todos os eventos que eu tinha vivido pré acidente seriam apagados por um período de minhas lembranças. De acordo com o Dr. Chang, poderia não ser permanente, mas talvez eu não tivesse minhas memórias de volta. Meu estado era incerto.
Eu, pelo menos, confiava que meu nome fosse , já que estava registrada assim em todos os documentos oficiais, a idade, pelo que constava era 23 anos. Eu oficialmente existia em meu país, mas a sensação de vazio me consumia diariamente, já que eu não conseguia me identificar tão bem com essas informações. Eu aprendia mais sobre mim a cada dia, mas não sabia se eram informações que me agradavam ou não. Era como se eu descobrisse aos poucos se gostava de mim mesma.
Além do meu nome e minha idade, em trinta dias soube que, apesar de ter crescido em Busan, atualmente morava há dois anos em Seoul e ganhava a vida sendo fotógrafa de moda na capital. Dividia o estúdio e o apartamento com uma das minhas melhores amigas, Chei Yura , já que não nos desgrudávamos desde que éramos crianças.
Mas, também descobri que tinha ficado órfã aos dez anos de idade: meus pais haviam morrido em um acidente de carro, na véspera do Natal, eu estava no carro com eles, mas, apesar do colisão brutal tinha saído apenas com um arranhão na testa. Era uma história triste, mas não me causava comoção naquele momento. Não conseguia ficar triste pelo casal uma vez que nem sabia quem eram.
Depois do acidente a minha tutela foi entregue a tia Hyuna, irmã gêmea da minha falecida mãe. E eu gostava de Hyuna, era uma companhia confortável durante minha recuperação, éramos muito parecidas fisicamente o que dava mais segurança de estar com alguém da família. Tia Una, como eu sempre a chamara, de acordo com a própria, me contava tudo o que eu questionava de uma forma paciente e tranquila. Eu não me sentia estranha em falar com ela.
Inclusive foi Una quem me falou sobre os detalhes do dia do acidente: o motorista que havia me atropelado estava bêbado e dirigia muito rápido, por isso, não tinha dado o tempo de eu desviar do carro. A pancada tinha sido forte, e por sorte não tinha fora fatal, então, sair sem a memória ainda tinha sido o meu maior lucro. Yura foi a primeira a chegar ao hospital, e foi ela quem ligou para tia Hyuna avisando sobre o ocorrido.
Yura me ligava todos os dias para contar histórias de quando éramos criança até nossa fase em Seoul, tinha esperanças que, em um desses telefonemas, viesse um lapso em meu cérebro e eu lembrasse de tudo, de repente. Doía-me não saber nada que Chei contava, as histórias eram divertidas e eu queria me sentir parte delas, mas não conseguia, por mais que a mulher se esforçasse.
Em uma das histórias de Yu, ouvi pela primeira vez o nome de , nosso melhor amigo. Ao que soube, éramos um trio inseparável em Busan e Seoul, já que morava na mesma cidade que nós. trabalhava como produtor musical em uma grande empresa da indústria fonográfica, e estava viajando a trabalho, para fora do país, por isso não havíamos nos encontrado ainda desde o acidente: o vai direto pra Busan assim que chegar na Coréia, ele me garantiu. E eu vou junto!” , foram as palavras de Yura em sua última ligação para mim.
O fato de estar voltando para Busan me preocupava, já que tinha descoberto por Chei que eu era apaixonada pelo homem desde criança, e, mesmo que atualmente, ele namorasse há um ano eu continuava com o amor platônico. O verdadeiro clichê, dizia ela o tempo todo. Por sorte, nunca soubera desse amor que eu nutria por ele, já que o rapaz nunca fez questão de retribuir o sentimento.
tinha chegado à Seoul na noite anterior e já estavam a caminho de Busan. Por isso, eu estava com meu cardigã sentada na varanda da minha antiga casa, olhando para um belo jardim e ansiosa para conhecer o homem que, além de ser meu melhor amigo, era supostamente o meu amor. Minhas mãos suavam e minha boca estava seca. Eu estava nervosa, não por encontrar , mas por me agarrar a esperança que ele pudesse resgatar alguma lembrança em mim. Eu odiava ser uma folha em branco.
Dez minutos depois, eu vi o carro preto estacionar na entrada da casa da tia Hyuna, fiquei em pé aguardando por minhas visitas. Senti o coração acelerar e a ansiedade tomar conta de mim: uma coisa que eu tinha descoberto sozinha em trinta dias era que era uma mulher bastante ansiosa. Talvez eu parecesse uma criança esperando pelo brinquedo de natal chegar, mas não me importava, mantive minha posição até que os dois saíssem do veículo.
A primeira a descer do carro foi Yura, ela veio até mim, sem pudor esticando os braços para me abraçar. A mulher cobriu meu tronco em um abraço caloroso. Chei era mais alta que eu, o que facilitava seu domínio sobre meu corpo, ela confessou ter sentido minha falta nos tempos que tínhamos ficado separadas, e eu não reagi a nada do que ela disse. Meu corpo involuntariamente encolheu um pouco dentro dos braços delas, e assim que percebeu minha reação a mulher se afastou.
Decepcionei-me ao ver a tristeza no rosto de Yura, eu tinha sido rude sem necessidade. Em um impulso levei minha mão ao rosto dela e apertei bem devagar sua bochecha, parecia o certo a ser feito, ou não, porque a mulher a minha frente vez uma expressão de surpresa com o gesto, e eu imediatamente tirei minha mão de perto dela.
– Ei, pequena!
A voz suave de tomou conta dos meus ouvidos, não imaginava que era tão agradável escutá-lo. Inclinei meu corpo para o lado permitindo que meus olhos encontrassem com o homem que subia lentamente os degraus da varanda. era maior do que supôs pelas fotos, seus olhos eram escuros, mas doces. E eles estavam fixos em mim. Ele sorria, mas eu não.
Fiquei parada, observando os movimentos de , que já estava próximo demais. Para minha surpresa, o homem andou até mim, e sem hesitar abraçou-me com carinho. Eu continuaria com meus braços baixos, achando constrangedor aquela cena toda, mas pensei que talvez abraçar me levasse a algum lugar do passado. Por isso, passei meus braços por seu tronco e o abracei também. Era bom, os braços dele eram aconchegantes, seguros e quentes, mas nada além disso. Nada!
Rompi nosso abraço brutalmente e desabei na cadeira atrás de mim.
– Desculpa. Eu realmente…- levei minhas mãos até meu rosto para esconder minhas lágrimas que insistiam em cair – Eu realmente não lembro de você. Eu devia lembrar de vocês dois, mas eu não consigo.
Era dolorido estar ao lado das duas pessoas que me acompanharam durante a vida inteira e não recordar de nada. Era frustrante estar ali com eles e não conseguir sentir nenhuma emoção. Eu não queria mais ser uma história narrada pelos outros, eu quero voltar a ter as rédeas da minha vida. Eu queria voltar a ser eu, por mim mesma.
Os dois estranhos me abraçaram com uma intimidade que me incomodava, aquela atenção além do necessário estava me fazendo mal. Eu não queria compaixão, muito menos pena, enxuguei minhas lágrimas e dei um jeito de afastar os dois de mim, o meu incômodo foi evidente para eles, mas eu não me importava mais. Levantei da cadeira e andei até a porta:
– Hyuna fez bolo e chá pra gente, tem muita coisa para ser conversada e eu preciso de comida para deixar isso mais fácil.
Entrei em casa e ouvi passos me acompanhando, a mesa estava linda com variedades de comida para o chá da tarde. Servi chá para nós três, o silêncio era constrangedor, por isso achei melhor quebrar o gelo antes que passássemos a tarde toda encarando uns aos outros.
– Me contem da época da escola, de quando morávamos aqui em Busan: preciso saber de tudo!
Yura prontificou-se a contar tudo sobre a nossa infância, não sobrava espaço para que participasse da conversa. Olhei pra ele com cumplicidade, ele entendeu e sorriu o vi dizer em silêncio: deixe ela falar. Entendi que, dos três, Chei Yura era a que mais falava, e que eu e tínhamos facilidade em nos comunicar com o olhar, já que era isso que fazíamos enquanto escutávamos Chei.
– … assim que formamos no colégio nós fomos para Seoul, montamos o estúdio e alugamos o apartamento. Aliás, você sabia que temos um gato chamado Romeu? Ele é lindo e laranja, foi você quem deu o nome a ele. Outra coisa que você deve saber sobre você é que Romeu e Julieta é sua história de amor favorita…
Yura era capaz de falar sem parar para respirar, eu olhei para assustada com a habilidade da mulher ao meu lado. Ele começou a gargalhar e eu o segui, aquele era o momento mais sincero que tínhamos tido até então. Além de ter sido o momento em que Yu tinha parado de falar finalmente. .
– Você não para nem pra respirar. Como é possível? – eu não achava que fosse errado dizer aquilo, nem Yura demonstrou estar ofendida com minhas palavras.
– Você sempre diz isso , e nunca consegue entender que é mais forte do que eu. – uma sensação estranha apoderou de mim ao ouvir o “você sempre disse isso” dela.
– Tá tudo bem, pequena? – havia percebido minha perturbação.
– É só que, é a primeira vez que alguém diz que eu fiz alguma coisa que eu tinha costume de fazer antes. Eu senti que eu não me perdi pra sempre, sabe?
Antes que Yura começasse a chorar, ela me disse num tom delicado, olhando direto em meus olhos:
– , lembra quando eu cheguei e você apertou minha bochecha? – eu assenti com a cabeça e ela continuou a falar – Você sempre faz isso também, pelo menos quando acha que eu estou ofendida com alguma coisa. É a sua forma de me compensar por ter sido rude comigo. Você não mudou nada , só se esqueceu um pouquinho de como era – sorri sem graça, e para agradecer passei minha mão por sua bochecha. Eu me sentia cada vez mais ligada aquela mulher ao meu lado.
– Se me dão licença meninas preciso ir ao carro buscar uma coisa para mostrar pra vocês.
Observamos ele abrir a porta e voltar em menos de um minuto, em suas mãos havia um álbum de fotos de capa vermelha. Ele agachou ao meu lado da cadeira e me mostrou o objeto.
– Esse foi o presente que você me deu no aniversário desse ano – ele me entregou o álbum – Muitas dessas fotos foram tiradas por você mesma – ele disse enquanto olhava para mim – As outras são de momentos nossos ao longo desses anos de amizade. Eu trouxe na esperança que te ajude, de alguma forma, e quero que você me devolva assim que lembrar de tudo de novo. – com delicadeza e ainda sem tirar os olhos dos meus pegou minha mão e a beijou antes que pudesse continuar o que dizia – Eu te amo , e preciso da minha amiga de volta – uma lágrima escorreu pelos olhos dele fazendo com que as minhas começassem a cair também – E eu vou fazer de tudo para sua memória voltar, isso é uma promessa.
Senti que as palavras eram verdadeiras, eu confiava em e sabia que ele me ajudaria no que fosse preciso. Não resisti e o abracei com força para que ele soubesse que acreditava nele, olhei por cima dos ombros dele, e vi Yura chorando também, fiz um sinal para que ela se juntasse ao nosso abraço. Então, ali na sala, estávamos nós três unidos como se fossemos um, e pela primeira vez tive a sensação de estar entre amigos.
Abri meus olhos subitamente, vi que dormia profundamente mas eu teria que interromper. Balancei o corpo dele até que ele acordasse no susto.
– O que foi – ele pulou ao acordar – Onde é o incêndio?
– , o que você fez por mim no dia em que nos conhecemos?
– Toquei uma música com o violão do seu pai – ele tinha uma expressão assustada, ainda por eu ter sido acordado de forma bruta – Você estava chorando por causa do acidente e eu quis te ajudar.
Soltei um grito surpreso levando minha mão a boca, assustando mais ainda o homem ao meu lado. Levantei e chorei, como uma criança sem vergonha nenhuma. Eu tinha acabado de ter minha primeira lembrança concreta do passado. Aquilo tinha sido forte e emocionante, não conseguia me segurar. me abraçou sem saber o que estava acontecendo, fazendo carinho em minha cabeça tentando me acalmar.
– o que está acontecendo?
– Eu lembrei – meu rosto estava inundado de lágrimas – Lembrei – Minha fala falhava – Do dia em que nos conhecemos. Foi uma lembrança ! – Pulei no colo dele e abracei com toda força, ele por sua vez rodava nossos corpos rindo abertamente para demonstrar a alegria daquele momento.
Nota da autora:
Oiiii!!! Tudo bem por aqui? Espero que sim! Pessoal, muito obrigada a quem vem aqui ler um pouco da história que escrevo, espero que vocês estejam gostando. Eu tento deixar How You Remind Me o mais leve possível, e espero que as coisas estejam indo bem nesse sentido.
Comentem e me deixe saber o que estão achando da fic até aqui!
E pra quem quiser, tenho um perfil no twitter que uso para falar de bts e para falar das fanfics, a conta é @kthgalaxys.