Sinopse: Após seis anos de um relacionamento cheio de desafios ela decidi que é hora de partir. Três anos depois do término eles se reencontro inesperadamente no hospital que ela começou a trabalhar há algumas semanas e são tomados por um turbilhão de sentimentos difíceis de compreender.
Ele jura que mudou. Porém, será que ela é capaz de confiar nele novamente?
Gênero: Drama, romance.
Classificação: 18 anos.
Restrição: Nenhuma.
Beta: Natasha Romanoff
Eu estava fodido.
Completamente fodido.
Mais uma vez eu havia sido inconsequente, pensado apenas depois da quantidade altíssima de álcool que eu tinha ingerido fazer efeito.
tinha razão, eu estava totalmente fora de controle.
Chutei para longe uma das muitas garrafas jogadas no chão da cobertura, tirei algumas roupas íntimas, camisinhas, bitucas de cigarro e uma quantidade enorme de saquinhos com o que parecia ser cocaína do meio do caminho. Minha tentativa era amenizar a situação antes que ela chegasse, mas nada poderia mudar a minha cagada, eu não estava presente em um dos dias mais importantes da vida dela.
Eu estava fadado a perdê-la.
Como se essa porra toda não pudesse piorar, a campainha do elevador tocou indicando que alguém estava subindo, antes mesmo que eu conseguisse pedir que os bêbados e drogados se retirassem.
Não tinha volta.
— Eu posso explicar — falei assim que vi a porta do elevador abrir.
vestia uma calça jeans despojada preta, com uma blusinha florida e um blazer preto. Presumi que ela estava de folga, devido ao jantar de ontem, por isso não vestia suas roupas mais confortáveis e também não carregava livros em seus braços.
Ela parou bem diante de mim e eu jurei que levaria um tapa bem no meio da cara, mas isso não aconteceu.
— Não quero que se explique, só vim buscar minhas coisas. — Baby andou em direção ao quarto, passando pelos corpos dormindo no chão.
Porra.
Como assim pegar as coisas dela? Senti meu coração palpitar.
— Amor, se acalma. Fala comigo — pedi enquanto a seguia.
Ao menos, não tinha ninguém no meu quarto — quase nosso — para piorar ainda mais a situação.
foi primeiro até o banheiro e começou a retirar as coisas dela e colocar em uma mala que eu nem tinha notado estar em suas mãos. Ela guardou tudo com rapidez e foi para o quarto, passando por mim sem dizer absolutamente nada.
— O que você está fazendo? — perguntei nervoso.
Meu coração palpitou ainda mais quando a vi abrir as gavetas e portas do ármario e retirar roupas e sapatos.
Tudo bem, ela só não queria mais viver na minha bagunça. Tentei me convencer disso.
— Tudo bem, você só não quer viver na minha bagunça, certo?
Escutei ela rir fraco e passar a mão no rosto assim que terminou de pegar a última peça.
estava chorando.
Eu a fiz chorar.
De novo.
— Amor, fala comigo — pedi e coloquei a mão no cabelo dela.
Um tapa atingiu minha mão na intenção de fazer com que eu me afastasse.
— Não encosta em mim. — Ela me olhou com firmeza.
Minha noiva estava irreconhecível.
Ela saiu do quarto antes que eu pudesse ter qualquer reação para dar uma resposta. A segui de volta para a sala, onde eu estava momentos antes, quando ela chegou. Algumas pessoas já tinham acordado e se retirado, outras ainda continuavam jogadas no chão como se nem estivessem vivas.
— Eu sei que fui um idiota, eu acabei me perdendo em um compromisso… — tentei me explicar.
deu uma risada carregada de ironia.
— Compromisso? — A voz dela estava trêmula e seu rosto muito vermelho. — Você chama essa merda de compromisso?
— Não fala assim — pedi com calma. — Vamos lá dentro, a gente pode conversar.
Baby apertou os olhos e vi lágrimas caírem.
— Não quero conversar, . — Seus olhos estavam vazios, de uma maneira que eu nunca tinha visto.
O que eu mais temia tinha acabado de acontecer, ela tirou a aliança. Eu não tinha reação alguma, era como se eu estivesse vendo tudo passar em câmera lenta, o toque dela na minha mão e a aliança fria sobre a minha pele.
Ela estava terminando nosso noivado.
A segurei delicadamente quando fez sinal de virar-se.
— Por favor, eu faço qualquer coisa — pedi.
— , por favor, eu só quero ir embora. Não torne isso ainda mais difícil. — Sua voz era de uma frieza desconhecida por mim.
A soltei, mas ela permaneceu onde estava.
— Por favor — implorei. E eu faria isso quantas vezes fossem necessárias se isso a impedisse de me deixar.
— Eu cansei, . Eu dediquei seis anos da minha vida por um relacionamento que está fadado ao fracasso. — Baby colocou a mão no meu rosto, ela ainda chorava.
— Por favor… — pedi, mas seu toque já havia deixado minha pele.
Eu a tinha perdido, para sempre.
Porque tive que estragar tudo antes que eu realmente me conhecesse.
Já tinha se passado mais de uma hora e meia e ninguém havia me dado nenhuma notícia sobre Noah, então resolvi ir procurar por algo porque já estava ficando preocupado que meu amigo poderia ter piorado. Infelizmente, ele conseguia exagerar na bebida o suficiente para ter resultados bem graves no dia seguinte, como já havia acontecido outras vezes, então minha preocupação não era em vão.
Passei por alguns corredores, onde as pessoas sempre me diziam para ir a um lugar diferente e comecei a me sentir um pouco frustrado por nunca conseguir resposta de ninguém. Eu estava cansado, tomado pelo sentimento de ter reencontrado e nunca fui muito fã de hospital, mas eu não tinha como ir para casa descansar sem ao menos saber que Noah estava sendo medicado.
— Ei — falei ao passar por uma pequena sala e ver que estava ali dentro.
Ela encontrava-se sentada em uma cadeira de frente para uma mesa e parecia estar anotando algo quando interrompeu o que fazia para encarar a porta onde eu me encontrava parado.
— Desculpa te atrapalhar, é que eu estou sem noticias do Noah já tem algum tempo — expliquei meio sem jeito e ela fez sinal para que eu entrasse.
Achei aquilo um pouco estranho e por um momento que foi só algo da minha cabeça, mas adentrei mesmo assim.
— Seu amigo vai precisar ficar internado — começou a dizer. — Nós já conversamos com ele, mas ele me autorizou a discutir todos os termos médicos com você.
Assenti positivamente para que ela continuasse falando.
— Não estou surpresa — as palavras saíram da boca dela de forma rápida e a vi morder o lábio com força.
Eu sabia o que ela queria dizer com aquilo, mas preferi não dizer nada e me mantive em silêncio.
— Desculpa, isso foi totalmente inapropriado da minha parte — disse e sorriu de leve.
Merda.
Eu precisava me controlar, mas a minha vontade era de agarrá-la ali mesmo.
— Tudo bem — respondi finalmente.
— Algumas coisas sérias deram alterações — explicou. — E depois que o consultei, ele começou a passar mal e precisamos sedá-lo.
Apertei os olhos e passei a mão pelos cabelos. Noah era meu melhor amigo, sabia disso e era difícil para mim vê-lo daquela forma.
— Sinto muito, — ela disse calma e se aproximou, colocando uma mão sobre meus braços que estavam cruzados de frente para o meu corpo.
Nossos olhos se encontraram naquele momento e eu pude sentir o peso do ar mudar completamente à nossa volta. Eu estava segurando minha respiração, enquanto me encarava com aqueles olhos tão cheios de expressão, me fazendo ter a sensação de que aquela ela a primeira vez que ela me olhava daquela forma desde que havíamos nos visto.
Aquela mulher estava me olhando exatamente como eu costumava me lembrar, da mesma forma que sempre fazia quando estávamos em alguma situação delicada. Sua mão ainda se encontrava meu meus braços, suas bochechas estavam levemente rosadas e seus lábios avermelhados em um tom natural tremiam levemente. Provavelmente, ela estava tão nervosa com aquela situação quanto eu.
— … — o nome dela saiu dos meus lábios como um sussurro de forma involuntária.
— Eu sei, — ela disse e sorriu de canto, me fazendo notar que uma lágrima havia caído no canto de seu rosto. — Eu também.
Apertei meus olhos e levei uma mão até o rosto dela para limpar aquela lágrima e a escutei respirar fundo. E naquele momento eu tive certeza de que aquela mulher ainda me amava e meu coração se partiu pela segunda vez naquela noite, de culpa e dor por saber que, apesar de todos os meus erros, ela ainda nutria algum tipo de sentimento por mim.
Me afastei dela sorrindo de leve e a vi franzir o cenho, quase como se minha atitude a tivesse machucado.
— Tem mais alguma coisa sobre Noah que precisamos discutir? — perguntei firme.
Eu não queria machucá-la, mas sabia que precisava ficar longe de e protegê-la da possibilidade de machucá-la de novo.
— Não, só isso. — Seu tom de voz agora era mais firme.
— Tudo bem, então — falei, tentando manter a conversa o mais normal possível. — Eu vou para casa porque preciso tomar um banho e descansar.
apenas assentiu e me virei para sair dali.
— ? — ela me chamou, fazendo com que eu me virasse.
— , eu estou fazendo isso para protegê-la — falei, antes que ela dissesse mais alguma coisa. — Só quero que saiba disso.
Eu tinha passado o dia todo pensando sobre o jantar e cheguei a quase enlouquecer de tanta ansiedade, então quando o despertador marcou exatamente 7h40pm eu saí de casa para ir em direção ao apartamento da minha irmã. Minhas mãos estavam suando frio enquanto eu apertava o volante do carro com força, tentando ao máximo que podia controlar toda a agitação presente em meu corpo, mas era difícil fazer isso sabendo que passaria o restante da noite em contado direto com .
A forma como eu amava aquela mulher era uma coisa enloquecedora, como uma droga que eu não conseguia me livrar mesmo após três anos. Eu queria tê-la como antigamente de novo e eu quase conseguia sentir seu cheiro no ambiente ao pensar nisso, porém eu sabia que não era certo ou saudável, para ela… para nós. Eu e nunca seríamos um casal fadado a dar certo, por mais que eu odiasse admitir isso, era a dura verdade.
Joguei todos os pensamentos para o limbo no fundo da minha mente e desci do carro após estacionar de frente para a casa de Holly. O lugar era bonito, com bastante árvores à volta e só algumas casas próximas da dela, que dava um ar muito reservado e tranquilo para a vizinhança, e comecei a cogitar que a ideia dela de que eu deveria comprar uma casa ali era boa.
Nem toquei a campainha, apenas adentrei — como sempre fazia — e fui tomado pelo som baixo de uma música que eu gostava muito e pensei em como ligava aquela canção ao meu relacionamento com . Ri fracamente e coloquei as mãos nos bolsos da calça enquanto adentrava cada vez mais o lugar, até chegar à enorme sala de jantar que tinha ali, onde alguns velhos amigos já estavam reunidos.
— Você veio — Holly disse ao me ver e caminhou até mim, me abraçando.
— Fala baixinha — falei, abraçando-a e dei um beijo no topo de sua cabeça.
Minha irmã era bem mais baixa do que eu e isso facilitava o gesto carinhoso que eu sempre tinha com ela.
— Fico feliz que veio. — Apenas sorri com o que ela disse e a soltei para poder cumprimentar as outras pessoas presentes.
Primeiro fiz um toque de mãos com Carter, um velho amigo do colégico que eu não via há algum tempo e que sabia apenas estar se dando muito bem no ramo do futebol americano. Depois segui em direção a mais duas velhas amigas e as abracei enquanto trocamos algumas poucas palavras sobre como todos nós havíamos mudado muito e, então, meu olhar seguiu para a varanda ao lado de fora, onde vi uma mulher sozinha apoiada no parapeito.
Ela usava um vestido preto todo aberto nas costas e seu cabelo estava solto, mas colocado todo para um lado só. Engoli em seco ao me dar conta de quem era e caminhei tranquilamente — da melhor forma que pude — até lá enquanto entava controlar todos os pensamentos que percorriam a minha mente naquele momento, porque nenhum deles era exatamente apropriado.
Ela se virou antes que eu chegasse lá e sorriu ao me ver.
— Oi — foi tudo que consegui dizer.
— Oi — ela respondeu e riu fraco. — Você está muito bonito.
Caralho.
Ela não podia me falar aquelas coisas, ou eu não conseguiria me controlar por muito tempo.
— Você ainda tem o mesmo jeitinho, — disse e arregalei o olhar.
— Por que diz isso? — perguntei curioso.
— Porque você reage exatamente da mesma forma quando eu te elogio — disse na lata.
Desviei o olhar tentando espantar o que havia se passado na minha mente naquele momento.
— Vejo que tomou sua decisão — ela disse e voltei a olhá-la, pois aquilo tinha chamado minha atenção.
Ela estava se referindo à nossa conversa de mais cedo quando disse que cabia a mim decidir se deveria vir ao jantar e me perguntei se ela esperava que eu decidisse estar ali perto dela. E infelizmente, mais uma vez, eu estava ali me iludindo com a possibilidade de ela me querer por perto tanto quanto eu a queria.
— Todo mundo está tão diferente — ela mudou de assunto, já que eu não havia respondido nada.
— É, parece que sim — respondi simplesmente.
Era incrível como eu perdia minha total capacidade de raciocinar quando estava ao lado dela.
— Você vai ficar só concordando comigo, ? — perguntou, me fazendo lembrar que por trás daquele jeito dela quietinha, também existia um que gostava de confrontar as pessoas.
Ri fazendo um aceno de cabeça e passei a mão pelos cabelos de forma nervosa.
— O que você quer que eu faça, ? — perguntei encarando-a e dei um passo em sua direção.
Meus movimentos ali estavam sendo tomados por total impulso, mas que se foda. Eu só queria aproveitar o pouco de tempo que tinha ali com ela, afinal, tinha certeza que esse tipo de encontro entre nós passaria a ser cada vez menor com o tempo.
Ela deu um passo na minha direção e levantou a cabeça para me encarar nos olhos.
Porra, eu estava a ponto de agarrar aquela mulher e fazer coisas que nem deveria estar pensando ali mesmo, na frente de todas as aquelas pessoas sem sequer me importar com a presença delas.
— Você deveria saber o que quer, — ela disse me chamando pelo meu sobrenome ao mesmo tempo que deu um tapinha no meu peito e passou por mim, saindo dali.
Me virei para vê-la e mordi o lábio enquanto passava meus olhos pelo seu corpo, mas desviei meu olhar antes que começasse a pensar nela em cima de mim como costumava acontecer sempre que estávamos juntos.
— Você vem? — Holly perguntou, me trazendo de volta à vida.
— Onde? — Fiz uma careta de confusão.
— , você ta parecendo um adolescente — minha irmã disse rindo.
— Cala a boca — falei rindo. — Vamos logo.
— Você nem sabe onde está indo — ela disse rindo.
Passei meu braço em volta do ombro dela e gargalhei concordando.
— Que diferença faz? — perguntei. — Vou encontrá-la de qualquer forma.
Holly concordou com um aceno de cabeça enquanto ainda ria e fomos desse jeito até a cozinha, onde eu a ajudei a pegar as últimas coisas para colocar em cima da mesa de jantar em que o pessoal já estava reunido conversando. E até eu terminar de arrumar tudo nem tinha me dado conta de que mais cinco amigos da época do colégico tinham chegado. Aproveitei para cumprimentar todos antes de me sentar na única cadeira vaga que tinha na mesa.
E o lugar era bem ao lado de .
Dei um gole no copo de bebida que estava na minha mão e o coloquei do meu lado, vendo que ela me lançou um olhar que logo reconheci como repreensão e me perguntei o que tinha mudado desde os poucos minutos que havíamos conversado. Fiquei com isso na cabeça conforme o tempo corria durante o jantar e todos conversavam empolgados, diminuindo cada vez a minha vontade de falar sobre algo.
Como eu captava cada coisa ali, pude perceber que ela já estava no terceiro copo de caipirinha — fora as dose de tequila — e senti uma preocupação crescer dentro de mim por saber como ela era fraca para bebida. Porém eu não queria dar uma de controlador e dizer a ela que deveria pegar leve, eu nunca tinha feito isso durante o nosso relacionamento e não seria agora que teria uma atitude invasiva como essa.
Me propus a tirar todas as coisas da mesa — já que a maioria ali estava bêbado — e aproveitei aquele momento para ficar um pouco sozinho. Enquanto eu separava tudo, ia e vinha entre a sala de jantar e a cozinha, não conseguia deixar de pensar em como tinha mudado da água para o vinho comigo e o que eu poderia ter feito para tal atitude dela.
Talvez fosse só ela se dando conta de que era melhor manter distância.
Depois de terminar tudo, fui em direção à sala de jogos e vi que ela não se encontrava ali, então saí antes que todos percebessem minha presença e em um instinto subi as escadas, indo ao terceiro andar da casa, onde ficava uma área mais aberta. Não precisei nem andar muito pelo espaço para encontrá-la sentada em um dos estofados na varanda, com seu copo na mão e olhando para o nada de forma pensativa.
— Não vai jogar com o restante do pessoal? — perguntei ao me aproximar e caminhei até o parapeito.
A escutei rir fracamente e constatei que ela já estava levemente alterada.
— Por que você não está? — perguntou em um tom inquisidor.
— Bom, porque vim te procurar — admiti.
Não queria mentir para ela sobre como estava me sentindo e essa era a verdade. Eu não estava jogando porque não a vi na sala e decidi procurá-la.
— Obrigada pela honestidade, por hora — disse e arqueei minha sobrancelha ao encará-la.
— Aconteceu algo que não estou sabendo? — perguntei confuso.
riu e levantou-se de onde estava, já caminhando em minha direção como quem estava irritada. Ela colocou sua taça sobe o parapeito ao nosso lado, já que ele era largo, e me encarou como se esperasse uma resposta de mim, mas eu só conseguia encarar aqueles olhos profundos e seus lábios carnudos que encontravam-se trêmulos.
A vi abrir a boca para dizer algo, mas ela parou quando perdeu o equilibrio e precisei levar minha mão até sua cintura para segurá-la.
— Baby, se você não me dizer o que é, eu não tenho como resolver — falei calmo.
Ela engoliu em seco devido à forma como eu a havia chamado e vi seus olhos encherem de lágrimas.
— , eu não quero te fazer sofrer de novo… — admiti. — Mas eu realmente não sei o que está acontecendo.
— Achei que você tinha mudado — disse quase para si mesma e senti meu coração disparar. — E aí você senta bem ao meu lado com aquele copo de vodka…
Franzi o cenho confuso e tirei minha mão de sua cintura — o que gerou um grunhido dela — e me lembrei do meu copo de água. Aquilo por um momento me fez sentir uma certa felicidade por sua preocupação comigo, mas passou logo e transformou-se em dor no meu peito ao pensar que eu a tinha traumatizado daquela forma.
— Era água — falei simplesmente e aproximei meu rosto ao dela. — Eu sei que não tenho muito crédio com você, mas não mentiria para você sobre isso.
A mulher me encarou e em seguida se afastou um pouco.
— Desculpa… — ela disse baixo. — Eu nem tenho o direito de te cobrar dessa forma.
Fiquei encarando-a, porque eu não sabia exatamente o que dizer diante daquela situação. Ambos estávamos rendidos àquele momento e a todo sentimento que existia entre nós mesmo depois de três anos sem nem sequer nos vermos, e eu tinha medo de dizer algo e estragar ainda mais as coisas.
— Eu não esperava esse reencontro, entende? — disse de forma retórica. — E eu esperava menos ainda reagir dessa forma.
Olhei um pouco confuso, porque não tinha ideia do que “essa forma” queria dizer e a vi caminhar para a parte de dentro.
— ? — a chamei.
— Qual foi o dia mais feliz da sua vida? — ela perguntou e franzi o cenho em confusão.
Aquela conversa estava ficando cada vez mais estranha e eu já estava me perdendo em meio aos assuntos, tentando entender aonde ela queria chegar.
— Você ainda lembra do nosso noivado? — perguntou e virou para me encarar. — Digo, do dia que noivamos.
E naquele momento meu coração foi quebrado em mil pedaços, ao me dar conta de que ela estava querendo me dizer que o dia mais feliz de sua vida foi o em que noivamos e esperava que fosse o meu.
— Claro que eu lembro, — respondi e me aproximei dela. — Me pergunto se você quer que eu toque em você, tanto quanto eu quero te tocar.
— Como eu sempre quis — ela afirmou e se aproximou ainda mais de mim.
Apertei meus olhos enquanto a encarava e a vi morder os lábios.
— Eu sei que vou me arrepender disso, mas que se foda — falei e puxei o corpo dela contra o meu, já colando nossos lábios.
Levei minha mão até seus cabelos, entrelaçando meus dedos ali e a senti levar as suas até as minhas costas por dentro da minha blusa, onde ela cravou as unhas na minha pele conforme eu a empurrava em direção à parede. Todos os meus movimentos estavam sendo controlados pelo maldito impulso que me era causado sempre que eu estava com aquela mulher e aumentei o ritmo do beijo entre nós conforme eu pressionava meu corpo contra o dela.
dava leves arranhadas na minha pele, o que me arrancou leves gemidos e pressionei minha cintura contra a dela, que grunhiu entre os meus lábios. Eu já estava mais duro que uma pedra, pronto para qualquer coisa que ela quisesse fazer comigo quando senti algo molhado contra o meu rosto e me dei conta de que ela estava chorando e isso fez com que eu me afastasse imediadamente.
E da mesma forma que nossos corpos se atraíram como um imã, eles se afastaram como se não pertencessem mais um ao outro.
— Desculpa… — ela disse ao me ver virar de costas.
Respirei fundo, tentando segurar tudo que estava sentindo, mas era muito mais difícil dessa vez, porque o toque dela tinha me feito experimentar algo que eu vinha esperando por tanto tempo.
E eu fui arrastado por aquelas ondas de sentimentos como se estivesse naufragando no mar aberto em meio a uma tempestade.
— Você não tem que me pedir desculpas — falei, me virando para ela.
— Eu quero isso — disse, apontando para nós.
Arregalei os olhos um pouco surpreso.
— Podemos ir para outro lugar? — ela perguntou, mais uma fez me pegando de surpresa.
— Para onde você quer ir? — questionei.
— Você sabe onde — rebateu.
Ri fracamente por ter certeza de que era uma péssima ideia.
— Isso é uma péssima ideia — falei rindo.
— Por favor — ela pediu e sorriu fracamente.
Passei a mão pelos cabelos e assenti positivamente.
— Você precisa saber que não vai acontecer nada, — afirmei. — Não posso fazer isso com você desse jeito.
Ela apenas assentiu e começou a andar em direção às escadas, demonstrando que entendia o que eu queria dizer, mas que não concordava.
Acendi as luzes do apartamento enquanto ela observava o ambiente e de uma certa forma o explorava parecendo tomar nota de cada detalhe daquele lugar. A decoração tinha um pouco da minha personalidade e até mesmo algumas que envolviam os gostos dela, já que tínhamos bastante coisas em comum e eu ainda morava no mesmo lugar que praticamente dividi com ela enquanto ainda éramos noivos.
Ela parecia um pouco surpresa com o fato de eu ter decidido continuar ali e apenas sorriu para mim quando meu olhar caiu sobre ela e continuou andando e olhando para todo lado. A ter ali me trazia tantas memórias que eram quase palpáveis para mim, eu conseguia pensar em todos os momentos que tínhamos vivido naquele apartamento e eu odiava me dar conta de que tínhamos tantos que eram tristes.
— Você quer beber algo? — perguntei, tentando quebrar o gelo.
— Água? — sugeriu, me fazendo rir e afirmei com a cabeça.
A deixei na sala de estar e fui até a cozinha pegar água, onde aproveitei para tomar um pouco também e quanto voltei ela já não estava mais lá. De primeiro momento, achei que tudo que tinha acontecido essa noite não tinha se passado de uma alucinação minha e depois comecei a sentir uma leve ansiedade ao cogitar que ela poderia ter concluido que era uma má ideia estar ali e ter ido embora.
A voz dela vinda da varanda fez com quem eu me acalmasse.
— Eu tinha me esquecido o quanto você gosta de varandas — comentei ao entregar o copo a ela.
— Hm — resmungou rindo e bebericou o líquido. — Eu ainda me lembro que disse que esse seria o apartamento perfeito por essa bela varanda espaçosa e a vista privilegiada da cidade de Nova Iorque.
Ri fracamente, concordando com um maneio de cabeça.
— Fico feliz que ainda more aqui — ela comentou e sorriu levemente.
— É, pareceu o certo a se fazer. — Sorri para ela de forma sincera, porque o fato de te sido algo escolhido por ela foi um motivos da minha escolha de ficar até hoje.
— Então… — ela começou a dizer e sentou-se em uma das cadeiras que tinha ali. — Você parou mesmo de beber.
Eu não esperava que ela ia tocar naquele assunto e isso me fez perceber que ela sabia vagamente sobre o assunto pela forma de falar.
— Sim, estou limpo há três anos — expliquei. — No início, precisei de uma reabilitação, mas agora tudo é mais fácil e parece mais claro.
— Eu fico feliz — disse e bebeu mais um pouco da água. — Contudo, eu confesso que gostaria que isso tivesse acontecido antes.
Engoli em seco e senti o peso de suas palavras me atingirem como um soco, porque eu também desejei ao longo desses anos que tivesse reconhecido meus erros antes disso. Talvez se eu tivesse feito, ainda teria alguma chance para nós.
— Com chegamos aqui, ? — ela perguntou enquanto colocava o copo sobre a mesa de centro e virou para me encarar.
Eu, que ainda estava em pé, decidi que era hora de sentar.
— Bom, eu tive que estragar tudo antes que eu realmente me conhecesse — falei com sinceridade. — E todos os erros que eu cometi foram o preço que eu paguei.
me encarou tomando nota de tudo que falei e inesperadamente levantou de onde estava e caminhou na minha direção. Eu não sabia exatamente o que fazer e esperar dela, e em um gesto rápido ela se sentou ao meu lado e colocou sua cabeça em meu peito como costumava fazer no passado, fazendo com que eu passasse meu lado por ela, colocando-o na lateral de seu corpo e a puxasse contra mim.
— Me diz que podemos ficar aqui o tempo que for necessário — disse e isso me fez prender a respiração. — Só quero aproveitar enquanto isso ainda não afundou. Porque eu quero acreditar que todas as vezes que nos reencontrarmos será assim, porque isso é tudo que podemos ter, já que estaremos sempre fadados ao fracasso.
Tentei sorrir com suas palavras, mas lágrimas de arrependimento se formaram em meus olhos.
— Tudo bem, baby — falei e a apertei contra o meu corpo.
E nós ficamos ali tempo suficiente para eu compreender que eu a tinha perdido devido a todos os erros que comedi, me provando ser o preço mais alto que já paguei.
Nota da autora: Oi, amores, tudo bem?
Bom, primeiro eu quero agradecer a quem chegou até aqui. Eu escrevi essa short bem rapidinho e usei um plot que eu já tinha pronto há algum tempo, então espero que tenham gostado e se apaixonado com a tensão desse casal tanto quanto eu.
E falando em tensão, aposto que quiseram me matar por ter usado esse casalzão Machine Gun Kelly e Megan fox sem ter feito uma restrita HAHAHAHAHAHAHAHA. Porém, eu prometo que vai ter continuação — talvez até uma long — e aí teremos a tão esperada restrita entre eles e muito mais explicação de como ficaram esses coraçãozinhos.
Então, não esquece de comentar me falando o que acharam e espero ver vocês em breve.
Com amor,
Vanessa <3