Sinopse: O carma é definido no hinduísmo como uma reação a boas ou más ações. Para ela, ele era exatamente assim, seu carma particular, principalmente quando se classificava na posição de melhor amigo e quase irmão do seu ciumento irmão mais velho. Como se não bastasse, ainda existia duas mães loucas querendo juntar um casal impossível.
Gênero: Romance
Classificação: +16
Restrição: Sem restrições
Beta: Sharpay Evans
Prólogo
2019
se xingou ao constatar seu atraso astronômico pelo visor do celular e abriu a porta de uma vez. E embora a mulher não tivesse exatamente culpa do seu atraso, ainda se sentia responsável por deixar o melhor amigo do irmão sozinho e preso no apartamento. Ela fechou os olhos com força sentindo um cheiro que não sentia há uns bons meses, na verdade, a última vez que ela tinha sentido o cheiro daquele tempero havia sido quando sua mãe tinha ido lhe visitar.
Ele não poderia estar cozinhando!
A confirmação veio junto com a surpresa de encontrar um homem incrivelmente lindo, sereno e entretido na sua pequena cozinha, deixando-a imersa na vontade de prendê-lo ali pelo resto do mês quem sabe, ou talvez até do ano. Não era entendível ao primeiro impacto, mas a garota se perguntava como ele tinha ficado tão mais lindo e gostoso ao longo do tempo, embora soubesse que o imenso crush que ela tinha nutrido e ainda perdurava, mesmo que pouco, no melhor amigo do irmão, poderia intensificar ainda mais as coisas.
-Não, não, não, ! – Ela fez um bico de choro bem fingido, enquanto jogava as bolsas no sofá do apartamento. – Eu não acredito!
-O que foi? – O homem lançou um sorriso divertido, à medida que fazia a linha desentendido.
-Eu disse que a gente ia sair! – esganiçou ao ponto de fazê-lo rir. – Desculpa o atraso! – O bico formado nos lábios dela o fez menear a mão, mostrando que pouco importava.
-Não tem problema, a gente janta aqui mesmo! Você já me carregou a semana toda pra lá e pra cá, o mínimo que eu poderia fazer era cozinhar pra gente. – O cuidado na voz do mais velho quase a fez derreter em cima das próprias pernas.
-Você tá trabalhando. Você é visita! – A garota se debruçou por cima do balcão como se ainda tentasse protestar a boa ação dele. Afinal os dois estavam destruídos da semana. – Minha mãe me mataria se visse isso.
-Sua mãe não tá aqui, sua mãe não vai saber! E nem a minha mão vai cair por cozinhar, eu gosto. – Ele riu divertido com a careta que fez. – Mas vai lá, toma um banho, bota um pijama legal e volta. Nosso jantar é aqui! – piscou mais uma vez em um curto espaço de tempo, arrancando um suspiro derrotado dela.
-Sério mesmo que você tá cozinhando? – inclinou de leve a cabeça em uma olhada até mais discreta pelo corpo dele, à medida que se praguejava por desejá-lo tão terrivelmente. Controle-se garota, você não tem mais 15 anos!
-Estou! – soltou uma risada divertida, reparando em como ela tinha olhos tão profundos. Basicamente uma imensidão que ele se afogaria fácil, fácil. Se não fosse a irmãzinha do seu melhor amigo, claro. – Até melhor do que a gente sair, porque aí eu já agradeço pela estadia. – O sorriso foi bonito. – Isso! Jantar de agradecimento!
-Você não existe! – A garota suspirou, finalmente se dando por vencida e o viu comemorar em ter conseguido convencê-la. Os dois riram!
-Existo sim! Estou no mundo há 32 anos. – O homem piscou sapeca, despertando nela a reação mais indiscreta de suspiro e risada, seguidos.
-Sei bem. – Ela passou a mão pelos cabelos curtos e umedeceu os lábios. não iria morrer se ficasse um pouco sozinho. – Eu vou pro banho, já volto. Não demoro! – mandou um beijo alado e sumiu rapidamente pelo corredor, se praguejando por ter pensado tanta sacanagem em uma frase tão curta.
O banho foi mais rápido do que ela planejava, ainda mantendo na cabeça que não era cordial deixá-lo esperando mais tempo depois de ter ficado o dia todo sozinho. Ela colocou um pijama de seda escuro que não estava encaixado em qualquer categoria de sedução, era apenas a roupa de dormir preferida da garota. Confortável, bonita e apresentável até mesmo se tivesse visitas em casa.
-Tchará! – O gritinho da garota preencheu a cozinha, assim como a imagem dela abrindo os braços, trazendo de volta a lembrança de uma menina que ele conhecia muito bem e sabia que aos poucos, tinha sumido.
-Uau! Era pijama, não terninho de gala! – brincou enquanto mexia o molho na panela, fazendo se inflar com o comentário.
-Sério? Achei que era um super jantar, não podia fazer feio. Quer beber alguma coisa? – A enfermeira soltou uma risada frouxa, deixando a entender que ele estava em casa.
-Quero! – levantou a cabeça em busca do pacote de papel na bancada. – Tem vinho na sacola em cima da mesa. – O homem apontou a induzindo a olhar. – Pega, por favor?
-Não acredito que você comprou vinho. – A mulher sentiu a boca salivar só em lembrar do sabor da bebida alcoólica, já se mexendo pra tirar a garrafa da sacola de papel. – SOCORRO! Esse é maravilhoso, eu ganhei de presente uma vez! – Os olhos de brilharam em ver a bebida argentina, uma das melhores que ela já tinha bebido. – Você tem bom gosto! – Ela soltou um gritinho que o fez rir e chamá-la com um aceno de mão.
-Vem experimentar a comida!
-Ainda tenho direito a degustação? Nossa senhora. Você devia voltar mais vezes por aqui! – O convite divertido pulou da boca dela, ainda que a garota ansiasse que ele voltasse mesmo mais vezes e mais íntimo a cada visita, se possível.
-Sempre que der! – O homem piscou. Os dois riram. – Vem provar! – insistiu mais uma vez e ela tomou fôlego da forma mais fingida, andando na direção do amigo. Um ato de cuidado tomou forma assim que o cozinheiro da rodada soprou levemente a massa enganchada ao garfo na intenção de que a comida quente não queimasse a boca dela.
-Que delícia! – Os olhos arregalados denunciaram que o sabor estava magnifico e sem esperar por mais nada, agarrou o rosto dele, dando o beijo apertado na bochecha que fez o homem rir mais do que satisfeito. – Deus, essa massa só lembra a minha mãe!
-Certeza que não tá nem parecida com a dela, mas sabia que você ia gostar! – Ele riu alto com a animação dela e mesmo sabendo que a comida não chegava aos pés da que Lauren fazia, abraçou-a de lado como um ato de agradecimento pelo elogio, completado por um beijo forte na bochecha.
Ela travou com a atitude dele em fazer aquilo, sentindo o baixo ventre se revirar e se praguejando por desejar aquela criatura que parecia ainda mais irresistível a cada ano que passava. poderia muito bem já ter começado ficar barrigudo com a idade, mas não, ele insistia em estar incrivelmente gostoso no auge dos 32 anos.
-Tá bom mesmo? – A curiosidade estampada nos olhos dele a fez acenar freneticamente que sim e logo soltar do meio abraço.
-Maravilhoso! – disse coberta de euforia enquanto colocava o vinho nas duas taças dispostas ao balcão. Era querer demais aquele homem ali todo santo dia? – Eu nem imaginava que você lembrava disso. – Ela tomou um gole do vinho, empurrando de leve o copo pra mais perto dele.
-Me puxei! – O músico soltou uma gargalhada espontânea, carregando a risada dela junto. – Era o mínimo que eu podia fazer! – Ele piscou mais uma vez, despertando vontades libertinas na mais nova ali. soltou o ar pelo nariz e mordeu de leve a boca.
-A questão é que você prestou atenção! Você é unha e carne com meu irmão, não comigo. – A garota explicou a situação o vendo dar de ombros como se aquilo não importasse.
-Você também é minha amiga, . – verbalizou uma das frases que mais tinha machucado a mulher há alguns anos, embora surtisse um efeito bem diferente na presente data.
-Sim, mas a diferença de idade já influiu bastante. – A enfermeira apontou ao tomar mais um gole de vinho, sabendo que aquele era seu fraco nas bebidas. Se quisessem matá-la, era só envenenar uma boa garrafa de vinho Argentino.
-Quando a gente era mais novo, sim. Mas agora passou, , somos adultos. – riu baixo e até meio desconfortável.
-Não vai beber? É uma delícia! – Ela abriu um sorriso cordial ao levantar a taça de vidro, o vendo apontar para as panelas como se aquela fosse a desculpa do século. – Ah para, não é como se você ficasse alterado com uma tacinha boba de vinho. Não faça essa desfeita, Mr. . Se é pra ser despedida, vamos fazer ser despedida!
-Estou ocupado, só se você me der na boca! – A frase saiu bem mais safada e maliciosa do que a intenção, fazendo-a suspirar e logo prender o cabelo no topo da cabeça. Por que vinho sempre dava um calor infernal?
-Mas só o vinho na boca? – O resmungo quase inaudível escapou da boca da moça, enquanto ainda esperava a resposta da proposta brincalhona. – Eu vou ser bem legal com você, vai abre a boca! – riu meio desesperada com a situação e o ajudou com a bebida arroxeada, ficando extremamente perto do corpo volumoso.
-Nossa, uma delícia mesmo. Obrigado! – O homem suspirou tentando não pensar besteira com o corpo da criatura tão perto do seu.
Praguejando-se terrivelmente por em uma fração de segundos ter pensado em se referir a ela daquele jeito. Porra, ! Era a irmãzinha do … que puta que pariu, estava um mulherão, principalmente na personalidade. Quando tinha mudado tanto?
A mulher se afastou rindo com a cantoria repentina do amigo e escorou levemente na bancada, vendo o showzinho se seguir com uma coreografia péssima.
-Que horrível, ! – O grito estrondoso o fez gargalhar e rebolar ainda mais, mesmo que incrivelmente desajeitado. – Virou gogo-boy?
-Vim me apresentar em Toronto, sabia não? – Ele entrou na vibe das brincadeiras, ouvindo-a rir completamente espontânea. Talvez fosse até efeito do vinho nos dois, mas o ambiente estava tão familiar que trazia certas lembranças.
-Mas me conta, gogo-boy. Como estão as coisas por lá? – A mulher tomou mais um gole de vinho e se escorou a bancada, prontinha pra ouvir tudo que ele tinha a dizer.
-Tudo ótimo! – Ele se animou pra responder. – Uma correria imensa, mas que eu não vivo sem. – Um sorriso largo escapou ao se referir a escolinha de música que ele tinha junto com , irmão de .
-E os seus pais? – ela soltou um gritinho tão eufórico quanto. – A Charlotte tinha uma paciência enorme comigo. – negou com um aceno divertido, sabendo que a paciência da mãe dele ia bem mais além do que apenas paciência. Charlotte e Lauren haviam colocado na cabeça a incrível ideia de que os filhos tinham que ficar juntos, não importava como fosse.
Se já tinham juntado um casal, não iam sossegar até juntar o outro!
-Estão ótimos! – Um sorriso imenso surgiu nos lábios avermelhados. – E sentem muito a sua falta, aparece lá um dia! Minha mãe realmente te adora. – fez o convite e ela afirmou com um aceno frenético.
-Pode deixar, quando eu for visitar os meus velhinhos, corro lá pra ver os seus! – disse divertida e os dois riram baixo. – Eu não sei como ela aguentava meu chororô por vocês não quererem andar comigo. – A mulher fez um bico de ressentimento bem fingido. – Nossa, eu era muito chata!
-Hey! – O homem protestou sacudindo a colher de pau. – Não era assim, a gente queria andar com você sim e era chata nada. Chato era o seu irmão com todo aquele complexo de proteção. – A careta veio por parte dupla, por saber que nem de longe precisava daquilo e por pensar que não pararia tão cedo com aquilo.
-Não! Vocês não queriam andar comigo, só aque sempre me amou desde que eu era um filhote. – Eles riram pela comparação e logo ela lembrou de um filhote que já tinha alegrado a sua vida. – MEU DEUS! E A DELILAH?
-Cresceu! Tá velha! – O homem gargalhou com a expressão indignada da mais nova e desviou da rolha que voou no meio da cozinha. – Mais brava do que nunca, fica brava com todo mundo, aposto que até com você se chegar perto dela!
-Óbvio que não! Ela me ama! – deu de ombros com uma expressão convencida e os dois riram mais uma vez. – Você que era um chato. Você e o cansaram de me passar a perna. Eu tinha um ódio ferrado!
-Perdoa o moleque idiota! – inclinou a cabeça de leve, fazendo um biquinho extremamente fofo e que convencia qualquer um. – Mas hoje em dia eu garanto, eu te adoro! – Ele apagou o fogo da comida e aspirando o cheiro gostoso na cozinha, abriu um sorriso imenso e convidativo.
-Que horror! Eu não fiz nada pra você na época. – protestou pra lá de ofendida com a declaração dele, ainda que fingisse tudo enquanto via aquele homem tão lindo montar dois pratinhos com o maior cuidado e carinho. – Por que tanto ranço de mim?
-Não era ranço, . – O bico de súplica aumentou. – Era idiotice de quem se achava O adulto! – disse ao montar o prato dela bem em frente a mulher na bancada, o rolinho perfeito de macarrão com o molho por cima e algumas azeitonas espalhadas, lembrando perfeitamente a dona Lau.
-Eu só tinha 16 anos, poxa! – Ela recebeu o prato com a mesma gratidão que ele havia entregue, aspirando o aroma que lhe atingia em cheio. – Você era um idiota. – A garota riu ainda presa no cheiro da comida.
-Não poderia concordar mais! – soltou uma risada convicta de que ela estava certa.
-Você não é obrigado a me ouvir te xingar! – A mulher tomou o resto do vinho na taça e sem mais demoras, os dois sentaram a ilha na intenção de comer aquele macarrão que estava com uma cara ótima.
-Mas passou. – O homem deu de ombros e realmente ele estava certo, mas se tinha passado, ela poderia contar o que movia a situação, certo? Claro que podia, os dois eram adultos, no máximo iriam rir alto e verbalizar o fato de tanta devoção ter sido ridículo. – Agora você pode gostar de mim, eu presto. – Uma grande garfada no macarrão foi dada, o deixando com as bochechas bem maiores do que o habitual.
Ela respirou fundo e ao ajeitar a massa no garfo, tomou fôlego pra falar.
-Deus, eu sei que eu vou me arrepender disso pro resto da minha vida. – fechou os olhos com força e antes que provasse da comida, soltou: – Mas porra, , eu tinha um crush desgraçado em você!
De repente a cabeça do homem que estava baixa e concentrada em comer, levantou de uma vez com as bochechas maiores ainda e uma expressão de espanto que ela nunca tinha visto na vida. engoliu tudo que estava na boca de uma vez e fez uma careta horrenda por, com certeza, ter passado rasgando na garganta.
-Chega a ser ridículo! – completou o tiro, vendo o homem tornar a ficar verde.
-O quê? Em mim? – Ele piscou já entrando em completo pavor com aquilo, embora risse meio desesperado. Céus, será possível que todas as brincadeiras sem sentido da sua mãe tinham um fundo de verdade? Droga, , olha o que você tinha feito a garota passar!
-É, tapado! Em você. Não ri que a coisa é séria! E era tão descarado que sua mãe percebeu. – sacudiu a cabeça pra mostrar o quão aquilo era óbvio.
-Minha mãe não percebeu! – O esganiço saiu desafinado. – Você gostava de mim…? – O mais velho riu completamente desacreditado daquilo, ainda que seu subconsciente gritasse que ela estava sendo sincera.
-Eu era apaixonada por você, ! – Ela arregalou levemente os olhos, vendo-o perder ainda mais a cor rosada dos lábios. Será que já dava pra ficar em alerta pra RCP*? – E a Charlotte percebeu sim, ah se percebeu! Na verdade, eu acho que ela tem dó de mim até hoje, por causa disso. – soltou uma risada espontânea em lembrar do quão idiota era, mas não ouviu o melhor amigo do irmão fazer o mesmo.
colocou a mão no peito e tentou concentrar na respiração, não dava pra desmaiar ali. Uma, ele era um homem feito e podia muito bem lidar com a situação, principalmente porque tinha que agir com maturidade igual a . E duas, ela tinha falado tudo no passado, não é como se um mulherão daqueles continuasse com aquela visão infantil perante a ele.
– …? – A enfermeira chamou um tanto receosa e recebeu o olhar meio apavorado do homem que procurava a taça de vinho vagando por ali. – Era algo infantil, eu era uma garota idiota. Você, melhor amigo do meu irmão, lindo, legal, me dava atenção… mais clichê minha vida não podia ser. – ela tentou explicar a situação e o viu virar a bebida toda de uma vez. – HEY! Vai com calma! – esticou as mãos, ponderando se tinha feito certo em contar aquilo. Talvez não, mas já era. – Era da idade, relaxa! Era fase, o sabe de tudo isso!
– sabe? – O grito indignado surgiu juntamente com a careta desgostosa. – Eu vou matar aquele cara! – O resmungo saiu entredentes, tão bravo quanto ele estava com o amigo por nunca ter sequer mencionado aquilo.
-Não, você não vai matar ninguém! – Ela esticou as mãos, já mergulhada na convicção de que não deveria ter aberto a boca sobre aquilo. – Enfia no juízo que você sabendo ou não, não iria mudar nada em como você me olhava, . Ia apenas causar um afastamento entre nós dois.
-Que droga! Que vergonha, . – Ele choramingou enfiando o rosto nas mãos e causou uma risada alta na, então, amiga. – Não ri! – O esganiço se fez presente.
-Qual é? Ia ser pior se você soubesse, veja meu lado! – A mulher soltou uma gargalhada estrondosa pelas expressões do amigo. – Isso tem uns oito anos, não dá pra não rir.
-Mas eu fui um grande idiota com você! – O homem movimentou as mãos como se aquilo fosse deixar seu desespero mais aparente. – Me desculpa, . Sério, eu era um idiota. – O pedido saiu meio suplicante quando ele agarrou as mãos dela, na tentativa que o pedido surtisse total efeito. A mulher soltou uma risada parcialmente construída em desespero com aquela enxurrada de gentileza.
-Não exatamente! – sacudiu as mãos dele na tentativa de tirar aquele peso horrível do peito. Talvez ela nem devesse ter tocado na droga do assunto, principalmente quando a pena estampada na cara do lhe dava ânsia. – Você não era um idiota comigo, só não me dava bola. Eu tinha 16 anos, meu Deus. Que bom que você nem me olhava, sério! – Mais uma tentativa frustrada de fazê-lo não se sentir tão mal e o homem se deu por vencido, soltando uma breve risada.
-Passou, . O importante é isso. – O mais velho dos irmãos, disse com certo alívio na voz e ao se esticar sobre a bancada, beijou a testa da amiga com todo carinho habitante nele. Ainda que seu cérebro gritasse pra que ele deixasse de ser um tapado e consequentemente, de vê-la como uma garotinha indefesa.
-Eu sei que sim! – A garota tomou fôlego. – Então relaxa. Você não ia andar de mãos dadas comigo pra cima e pra baixo. Sua idealização de namoro na época era muito diferente da minha.
-Nisso você tá certa, provavelmente eu não ia mesmo. – Ele coçou a cabeça meio impaciente em começar a pensar em tudo aquilo. Sua cabeça iria explodir!
-Nós estávamos em fases diferentes a vida. Você era atrativo por ser mais velho e, teoricamente, menos babaca que os garotos do colégio. O que acabou sendo mais. – riu ao ver a cara de bunda presente nele. – Eu queria um namorado de revista e você queria uma garota pra sexo. Não encaixava. – Ela deu de ombros e o viu suspirar frustrado.
Como raios a situação tinha chegado aquele estado e ele sequer tinha percebido? Aquilo era culpa da mania horrorosa de Charlotte e Lauren em querer juntar os filhos a força.
-Você sabe que é verdade! – Ela acusou e o homem fez a maior cara de dor.
-Infelizmente, eu sei.
-Céus, eu deveria ter ficado calada. Não achei que você fosse ficar assim. – A garota soltou uma baforada de ar, enquanto se enchia com o macarrão que estava tão gostoso.
-Não, não deveria. Talvez sim, mas agora já era! – bebeu mais um grande gole do vinho e decidiu que era hora de mudar a postura. Parecer assustado e apavorado não iria resolver nada, só deixar chateada pela incrível falta de reação.
O dono da escolinha de música largou tudo do seu lado da bancada e sem mais demoras, percorreu o pequeno espaço até , abraçando-a com força de lado. Ela aproveitou o momento fofinho e o abraçou fortemente com os dois braços, ouvindo um grunhido engraçado sair da boca do amigo como se ela fosse alguém extremamente fofinho. Feito isso, a mulher gargalhou.
-Não se magoa com isso. Eu entendo perfeitamente o seu lado! – A frase acompanhou a risada, o fazendo rir junto e escorar perto dela na bancada depois de beijá-la na cabeça.
-Desculpa o retardado do seu amigo? – O bico surgiu manhoso nos lábios dele.
-Para! Eu estou me sentindo uma vaca! – fez outro ainda maior. – Faz séculos, tem mais nem graça. Relaxa!
-Mesmo assim, eu quero ser perdoado pela amiga mais linda que eu tenho! – O bico de quase dobrou no queixo, fazendo-a arquear uma das sobrancelhas muito bem feitas.
Ah qual é? Linda? Ele podia fazer melhor que aquilo. Se aquela brincadeira já tinha começado, que ela fosse até o fim com os devidos elogios que merecia. Embora ela tivesse superado bem toda a história, nunca era tarde demais pra ouvir dizendo que ela havia crescido e não era mais uma garotinha.
-Eu sei que você pode fazer melhor. – A mais nova dos piscou ao cutucar a barriga do outro, se praguejando miseravelmente por fazer aquilo e sentir o abdome durinho daquela peste. – Amiga linda você tem de monte!
– , … – ponderou o afronte dela quase gritando que o elogio que ele queria dar, ele não podia.
-Coloca a culpa no vinho e faz que nem eu quando falei da minha queda por você. – A mulher arqueou a sobrancelha sem se dar conta do teor da frase e completou: – Eu quero ouvir você dizer que eu cresci.
-E como cresceu! – ele suspirou meio desesperado com o tom malicioso que tinha saído da sua boca. – Tá gostosa pra caramba!
-Oi? – a mulher quase encostou o queixo no chão ao ouvir aquilo saindo da boca dele. estava mesmo falando aquilo? Socorro! Ele só poderia estar bêbado. Quando ela mais esperava um mulherão, ele soltava que ela estava gostosa.
-Você… – Ele apontou sem perceber com quem estava falando. – Tá gostosa! – E ouviu uma gargalhada estrondosa, a gargalhada mais característica da garota. – AI MERDA! – arregalou os olhos querendo se matar pelo momento e findou caindo na risada com ela, até remoer o assunto e finalmente perceber algo que havia passado despercebido. – Espera… – o vincou as sobrancelhas. – Você disse que tem uma queda por mim?
-Eu disse tinha, ! – Ela frisou bem o passado que era pra ter sido esboçado. – E eu esperei “mulherão” sair da sua boca, não você me jogar na cara que eu era gostosa! – encarnou a pose ofendida pra tentar mudar de assunto.
-Você disse tenho! – foi firme, ignorando a mudança parcial de assunto. Ah que ele ia tirar aquele assunto a limpo, oh se ia.
-Tinha. – A mulher mudou a postura brincalhona, afinal quem sabia dos sentimentos dela era ela e se ela dizia que tinha passado, é porque tentava acreditar naquilo todo santo dia. Óbvio que não tinha mais qualquer devoção esquisita pelo cara, mas uma queda por aquele maravilhoso homem, ela tinha.
-Você usou no presente! – Sério que ele iria começar analisar os tempos verbais nas frases? era professor de música, não de gramática. Ainda que fosse pedagogo.
-E o que diabos você quer que eu faça? – abriu os braços como se aquilo fosse o intimidar e rapidamente viu a postura do amigo mudar, ganhando um ar completamente proibido.
Que Deus a perdoasse, mas a mulher seria capaz de mantê-lo em cárcere privado até que satisfizesse todos os seus desejos mais reprimidos, principalmente quando envolvia os dois pelados e embolados fossem em uma cama, sofá, banheiro ou até em cima daquela bancada. Céus, quando a casa tinha ficado tão quente? E o mais importante, quando havia chegado tão perto ao ponto de estar quase entre suas pernas?
-Que você me beije. – O sussurro saiu envolvente demais ao ponto de fazê-la fechar os olhos só pra ouvir a voz baixa. Sentir a mão que já deslizava sob sua cintura, ansiando colar ainda mais o corpo dos dois naquele pequeno espaço na cozinha.
-Você quer que eu te beije? – teve forças pra retrucar, mesmo com aquele cheiro envolvente e amadeirado do perfume dele tão perto de si. Era questão de tempo até que ele agarrasse sua nuca e a deixasse molinha?
-Quero que você me beije. – O pedido baixo vibrou nos lábios dela, não restando outra opção a não ser beija-lo.
Os dedos sorrateiros tomaram a nuca dela sem qualquer pudor, deixando-a completamente rendida ao jeito que os lábios e a língua dele se moviam em sua boca. Talvez fosse a ideia de que tudo aquilo era proibido, mas nunca tinha experimentado um beijo tão bom na sua vida e o mesmo vinha de . Era assustador pensar em tudo que já tinha acontecido e perceber o quanto os dois estavam atracados no meio da pequena cozinha, mas era maravilhoso na mesma proporção, não parecia errado e muito menos fora de contexto. Simplesmente, o jeito que os corpos dos dois se encaixavam e ficavam a vontade no meio daquele beijo era algo certo e até familiar demais. O homem apertou ainda mais a mão entre os cabelos da nuca dela, sentindo-a quase enfiar as unhas em seus braços como se o puxasse ainda mais pra perto do corpo. Que não inventasse de o abraçar também com as pernas, ou a merda estava feita, não seria qualquer esforço colocar a mulher em cima da bancada da cozinha e dar seguimento a algo que já começava a lhe fazer falta.
Ela mordeu a boca dele, puxando o lábio do cara entre os dentes e ouviu um suspiro sofrido de quem não estava gostando nadinha de ter perdido a linha do beijo. soltou uma risada desesperada até certo ponto e tentou respirar fundo, mas teve seus lábios capturados em mais um beijo faminto, dando a entender que o homem não queria parar tão cedo. E na verdade, nem ela queria, mas sabia que provavelmente aquilo atingiria níveis péssimos e era melhor não acabar com uma maravilhosa convivência.
– … – O pequeno chamado acompanhado de uma mão aberta no peito enorme dele, fez com que o homem respirasse fundo e frustrado ao mesmo tempo, ainda passando o nariz e os lábios nos dela. – Eu não quero que você sinta pena de mim, ou qualquer coisa do tipo… porque não vai acontecer. – Ela manteve os olhos fechados e respirou aliviada em saber que ele tinha entendido só pelo enrijecer do corpo.
-Ei , olha pra mim. – pediu ao segurar o rosto dela, virando pra direcionar ao seu.
-Eu não quero que você perca seu tempo e sua paciência comigo porque eu disse isso e você se dói por nunca ter notado nada na minha época de adolescência. Eu não quero nada que não seja 100% real. – Ela abriu os olhos claros e brilhantes só pra ver a expressão arrependida e dolorosa dele, restava saber se por ter sido um cara idiota na adolescência, ou por ser extremamente sensível agora. era um enigma dos mais engraçados de desvendar. – E não adianta dizer que é real, não tem como algo ser real depois de uma hora de conversa e um deslize meu.
-Eu não estou compensando nada, . Na verdade, eu estou disposto a tentar!
-Não! – O grito esganiçado da garota desencadeou uma reação de susto nele, das mais engraçadas, inclusive. – Não encarna o espirito daquelas duas, pelo amor de Deus! – A garota suspirou meio exausta com aquilo tudo. Ela não deveria ter aberto a boca grande, não deveria ter dado abertura e muito menos ter beijado , mas a merda já estava feita mesmo!
-Você tem certeza? – O homem fez carinho no rosto dela, fazendo com que a mulher acomodasse ainda mais o rosto contra sua mão.
-Absoluta! – soltou um esganiço mais do que óbvio.
Não dava pra ser criança àquele ponto, principalmente quando sabia que nada daquilo iria ter futuro se continuasse. era um dos tais caras que ela não se envolveria apenas por diversão. Por que? Ele tinha uma carga pesada demais do seu lado, mais conhecida como Charlotte e ela outro peso gigantesco, que também atendia por Lauren.
2011 - Oito anos antes
Um mês depois
2019
2019
Música do capítulo: Hooked – Why Don’t We
2019
O homem soltou uma risada breve ao parar em um semáforo e sentiu-a beliscar seu abdômen por cima da camisa.
-Ai, ! – reclamou como uma criança pequena e só recebeu um tapa ardido em troca.
-Você é surdo? – Ela soltou um berro indignado, por mais que não conseguisse ter nervos pra soltar ele e brigar com dignidade. – Eu pedi pra ir devagar, eu tenho medo de morrer nova demais e você parece um louco desenfreado, !
Ele soltou uma risada divertida, assim como o guidão da moto, largando o corpo um pouco pra trás o que fez o rosto dela quase encaixar em seu pescoço de tão abraçada que a enfermeira estava.
-Eu disse que minha carona era arriscada, foi você quem aceitou. – A malandragem dançava nos lábios dele como se aquilo fosse tudo que o homem soubesse fazer. – Mas pode apertar mais, eu não acho ruim. – brincou ao contornar os braços dela em seu corpo.
-Idiota! – finalmente se soltou pra estapear o braço dele e ouvir a gargalhada divertida.
-O sinal abriu, … Acho bom me agarrar de novo. – A risadinha sem vergonha escapou do e assim que ele acelerou a moto, sentiu a moça se agarrar em seu corpo com uma rapidez imensa. Ele gargalhou.
-PATETA! – Ela xingou meio apavorada e ainda escutando as risadas incontroláveis do mais velho, sentiu a moto sair tão rápido quanto ele tinha acelerado.
O caminho até o bairro que os dois tinham crescido não durou muito, mas a garota sentia que seu coração poderia sair pela boca a qualquer momento só pela velocidade com que a moto varava as ruas vazias pelo horário. Já era quase quatro da manhã, momento em que tudo tinha sido finalizado direito no salão de festas e restado apenas os quatro cavaleiros do apocalipse pra dispensar todo mundo e agradecer pelo belo trabalho. Dali a pouco o sol apareceria pra iluminar um domingo que prometia calor, praia e quem sabe uma cervejinha, embora só quisesse dormir depois da festa cansativa. não estava muito diferente e por mais que negasse a todo custo, sabia que a idade chegava e que ele não tinha mais pique pra fazer tanta merda como fez quando era da idade da moça na sua garupa.
Ele estacionou a moto com calma em frente a casa dos , baixou o pé de ferro pra apoiar melhor os dois no chão e por fim, tirou o capacete em um movimento bem sensual, por mais que estivesse grudada em suas costas e não pudesse perceber.
-Está entregue, moça medrosa. – Ele riu baixo, tomando a liberdade de fazer carinho na mão dela quase fincada em seu abdômen. Talvez pudesse usar como desculpa pra que ela lhe soltasse.
-Você é um idiota, ! – Ela o desabraçou com rapidez e deu um empurrão firme nos ombros do pedagogo. Ele só sabia rir. – Eu pedi pra vir devagar! – desceu da moto ainda indignada pelo medo desnecessário que havia passado e recusou qualquer ajuda do melhor amigo do irmão.
-Ah, … Qual é? Foi legal! – O homem riu ao ver a luta dela pra soltar o capacete preso no queixo. Ela estava tão puta pela rapidez que mal conseguia segurar o gancho direito. sacudiu de leve a cabeça e após pendurar seu capacete no guidão, levantou pra ajuda-la com a fivela inocente, mas que causava ainda mais raiva na moça. – Deixa eu te ajudar! – A risada saiu baixa e logo ele desafivelou o fecho, ouvindo um suspiro aliviado dela. Tirou o capacete de e sem controlar os impulsos, beijou a garota brava a sua frente.
A mão da mais nova pousou na bochecha do pedagogo e como se não conseguisse se afastar o beijo só ficou ainda mais fervoroso em frente a casa clássica. O homem mordeu de leve a boca da enfermeira e suspirou frustrado por saber que não deveria sequer estar ali fazendo aquilo, quanto mais querer entrar e ver o sol amanhecer com ela deslizando em seu colo. Só que infelizmente, era tudo que ele queria e pelo olhar pidão de , ela também.
-Você precisa ir. – Ela suspirou ao verbalizar o desespero estampado na cara dele e o homem só conseguiu afirmar com um aceno frustrado, se sentindo o cara mais estúpido de todos os tempos. – Eu entendo! – riu da cara de dor dele e lhe roubou mais um beijo. – Vai pela sombra!
-Obrigado, . – Ele riu um pouco apavorado e coçou a cabeça. – Prometo que ainda vou te recompensar sobre isso.
-Eu sou paciente. – Ela abriu um sorriso convencido, o fazendo entender que estava tudo bem.
ehaviam almoçado juntas e conseguido resolver metade das pendências quee não resolveriam nem com todo o tempo do mundo, o poder era das garotas sim e quem discordasse era homem.
Nesse meio tempo, o irmão mais velho dos havia mandando uma mensagem avisando que todos os cartazes da colônia de férias haviam ficados prontos e que alguém fosse busca-los, ele tinha acabado de chegar em casa e precisava de um banho frio pra virar gente de novo. Sendo assim, a mais nova dos pegou a chave reserva de com a melhor amiga e partiu em direção a casa do pedagogo. Quanto antes elas conseguissem pendurar os cartazes na escolinha, melhor!
– ? – chamou, já dentro da casa média e por mais que ouvisse a bela cantoria do homem em algum lugar, não ia invadir ainda mais o local sem permissão. Principalmente quando um fator chamado Delilah raivosa poderia aparecer e querer lhe matar com o susto dos latidos. – ? – A ideia de não invasão foi se desfazendo à medida que ela não recebia resposta. A casa não era tão grande e ele provavelmente estaria arrumando algo pelos quartos, não acharia ruim se ela o achasse ali.
A porta do quarto dele estava entreaberta e a cantoria mais alta do que nunca. Ela inspirou o ar de uma vez e ainda com receio, empurrou a porta de madeira abrindo caminho pra dentro do quarto claro, avistando a cama de casal com os lençóis levemente bagunçados. riu baixinho pensando em como todo homem era igual mesmo e ao fazer uma varredura por todo o cômodo, encontrou seu sonho adolescente apenas de toalha e recém saído do banho em uma das imagens mais sensuais que já tinha visto. O tecido da toalha pendia no fim das entradas do abdômen, como se fosse um martírio estar ali e a qualquer momento poderia desistir de cobrir o homem. As tatuagens do braço estavam escurinhas e pareciam deliciosamente apetitosas a ela, com as gotas d’agua brincando de quem escorregava mais rápido. Aquele parecia mais o inferno de tão tentador e era o capeta, que ela queria sentar no colo e ser punida como a bad girl que era.
-Desculpa! Eu não sabia. – A voz aguda sobressaiu o silêncio, fazendo o homem virar com os olhos arregalados pelo susto. Como ela tinha entrado ali? – Eu vou esperar lá fora… – Ela se limitou a pontar pra fora do quarto, por mais que não tivesse dado um mísero passo. As pernas estavam derretendo feito gelatina.
Onde diabos estava a Delilah latindo feito louca quando ela mais precisava?
– ! Oi! – O sorriso largo e espontâneo fez as bochechas inflarem de uma forma bem bonita. – Que é isso, não precisa sair. – Ele meneou a mão. – Senta aí! – apontou pra cama no meio do quarto, mas que parecia longe demais pra que ela desse uns passos.
-Aposto que não precisa… – A mulher resmungou conformadíssima com o convite, aproveitando a oportunidade pra escanear cada pedacinho do abdômen dele com os olhos. – É… – mordeu o lábio, encontrando um par de olhos divertidos lhe encarando provavelmente desde a hora que ela havia decidido começar a secá-lo. –me pediu pra vir buscar os folders da colônia de férias!
-Tá no outro quarto! – O homem sacudiu o cabelo ainda molhado, depois apontou pro quarto ao lado. – Senta aí, eu já pego pra você, a gente fica conversando. – Ele indicou a cama após ajeitar a toalha na cintura e mais uma vez, atrair os olhares safados dela.
-Oi? – A enfermeira parecia não ter escutado nada que ele dissera. – Você acabou de sair do banho, eu vou procurar! – Consciência recobrada, mas ainda com a dignidade perdida, deu uma de respeitosa ouvindo-o rir daquilo.
-Exato, eu tenho que me arrumar e não quero ficar sozinho quando não preciso. Senta a bunda na cama, mulher! – A quase ralhada fez os dois rirem. se deu por vencida e fingindo pisar duro no chão, se jogou sentada na cama.
-O que você não pede sorrindo que eu não faço chorando? – Ela mostrou a língua e riu convencido. – Cadê a mensageira do apocalipse?
O homem riu com o novo apelido da cadela, por mais que fosse meio cruel chamar uma bichinha tão carinhosa de mensageira do apocalipse. Embora ele não pudesse discordar totalmente, ela instalava o desespero quando estava irritada!
-Quase nada! – O revidou o xingo dela. – Não vai te prejudicar em nada a sua vida sentar nessa cama, coisa reclamona. E a Delilah está no banho! – Ele esfregou uma segunda toalha no cabelo, uma bela cena no contraste do sol que entrava pela janela refletindo em seu tronco e ouviu a risada de criança que veio de .
-Meu tempo! – Ela suspirou e percebeu que logo começaria o show pelo quarto. – Por isso não ouvi latidos quando entrei. – A moça se referiu ao banho da cadela.
jogou a toalha que enxugava o cabelo em cima da cama e entrando em um assunto aleatório com ela, andou na direção do armário que guardava suas roupas. Céus, por que ele precisava ser terrivelmente gostoso daquele jeito e simpático, além de gentil e divertido? Se a de 15 anos não tivesse sido enterrada em Toronto, a de 24 anos tinha certeza que a garotinha apaixonaria vergonhosamente de novo. Entre as respostas automáticas que a mulher dava pra ter seu momento secador ambulante, pode vê-lo abaixar a postura pra pegar algo em uma das gavetas na parte baixa do roupeiro e involuntariamente inclinou a cabeça, à medida que ele empinava a bunda pequena, ainda coberta pela toalha branca. tinha feito aquilo de propósito, não tinha como ter sido involuntário!
A falta de equilíbrio traiu a desavisada e logo o corpo da enfermeira impactou no colchão de molas, deixando-a desesperada com a péssima sensação daquilo balançando sem controle.
-Inferno! – Ela tentou levantar e atraiu a atenção de um bem confuso.
-Você caiu? – O homem arqueou de leve a sobrancelha e apertou o nó da toalha na cintura, embora estivesse confuso se a deixava cair ou insistia nas ameaças daquilo.
-Ela é de molas, não me culpe! – esganiçou tentando sentar novamente e quando conseguiu, fez careta. – Como você consegue dormir aqui, ?
-Costume. – O mais velho deu de ombros, sacudindo a muda de roupa que estava em mãos, o que despertou a atenção de . Será que ele iria sair? Bom, não ofendia perguntar. – Mas me diz, por que você pulou na minha cama? Só cai assim. – A piscada provocativa a fez rolar os olhos, embora com aquele ar leve e divertido de quem estava gostando da companhia dele.
-Eu me joguei de costas, o que é diferente. – levantou o indicador pra mostrar a ele. – Não dá nem pra se mexer aqui, imagina…
-Oh, eu garanto que dá. – O homem abriu um sorriso safado no canto dos lábios, fazendo-a arquear as sobrancelhas. – Bom, achei minha roupa! – jogou a camisa de malha, bermuda e cueca na borda da cama, bem perto de onde estava.
-É transar em cima disso e atacar a labirintite, . Sem chance! – ela abriu os olhos levemente pra deixar bem claro e os dois riram, por mais que as expressões de deixassem claríssimo que dava sim. – Fiz meu ex-namorado trocar o colchão, por que sinceramente? Não dava. – A risada leve se fez presente. –Você vai sair? – A moça apontou pras roupas.
-Ainda bem que ninguém me pediu isso ainda! – Ele apontou já pronto pra tirar a toalha fora, mas queria atenção exclusiva da moça. Ele mordeu a boca bem satisfeito ao perceber o jeito que encarava seu abdome. – Não vou sair, mas quero ficar decente em casa. – disse como se não desse a mínima para toda a situação que lhe envolvia e aproveitando isso, arrancou a toalha do corpo como se fosse rotina ficar nu na frente da irmã do melhor amigo. Mas se ela estava tão concentrada em ver, quem seria ele pra negar?
– ! – O esganiço apavorado saiu da boca dela, enquanto a garota mirava qualquer coisa no teto muito concentrada a não olhar pra baixo.
-Que foi, caramba??? – Ele gritou tão alarmado quanto, só que pelo susto que o grito fino dela tinha lhe metido. era doida?
-Você tá nu, filho da puta! – O esganiço saiu desafinado, enquanto ela parecia controlar seus instintos de olhar novamente. Céus, por que raios ele tinha feito aquilo depois de tanto doce?
-Vai dar torcicolo. – A zoada surgiu divertida ao ponto de fazê-la rir, por mais que não quisesse. – E não tem nada aqui que você não tenha visto, mulher! Você não é enfermeira?
estreitou os olhos com o afronte que tinha saído da boca dele, finalmente voltando a olhar para o homem, só que dessa vez o rosto dele, que tinha um sorriso engraçado.
-Bom, se não tinha visto… agora viu!
-Preferiria não ter visto! – A garota sorriu com a maior carinha de convencimento. Por mais que não parecesse, não era exatamente uma mentira por ser exatamente igual ao ditado “o que os olhos não veem, o coração não sente”.
-Ah , não seja puritana. – fez um bico entristecido, deixando-a impressionada com como o clima continuava leve com tudo que acontecia ali. – Você tá louca pra baixar a vista e confirmar que todos os boatos que a senhorita mesma criou são apenas isso, boatos. – O homem soltou uma piscadela sem vergonha e deu de ombros, embora continuasse parado.
A gargalhada da garota saiu tão espontânea com aquela história, que ela não teve escolha a não ser desfrutar do momento. Ela queria ver e ele mostrar e realmente não era tão complicado assim, era bem satisfatório, na verdade.
Se tinha uma coisa que não tinha, era vergonha do próprio corpo, talvez há uns anos aquela situação sequer acontecesse. Mas o homem já tinha perdido coisas demais na vida até entender que nem toda notícia fincada na masculinidade era verdadeira.
-HÁ! – O grito vitorioso dele veio acompanhado de um dedo em riste. Os dois eram idiotas demais!
-Eu estou me sentindo suja! – Ela soltou entre risadas remanescentes e coçou o rosto que queria ficar vermelho perante a situação. nu na sua frente e bem confortavel com aquilo, ao menos era o que parecia.
-Pensamentos impuros? – O homem perguntou rindo ao ver as bochechas dela querendo ficar róseas. – Então vou te deixar olhar mais um pouco. Aproveita, eu já vou me vestir. – Ele pegou a cueca boxer em cima da cama, o que fez dar graças a Deus. Principalmente pelo modelo da roupa de baixo, levando em consideração que aquelas cuecas cavadas eram ridículas.
-Não é assim que se aproveita essas coisas, . – A mulher cruzou as pernas em uma pose bem experiente e estreitou os olhos pra completar o pacote. Os dois riram. – E a situação me deixa suja. Você parece um stripper querendo que eu olhe pro seu pinto!
-Quando eu quiser virar um, , você vai saber. Acredite! – O homem piscou sinuoso, embora satisfeito com o momento. Era como se fosse o impulso pra coragem que ele precisava pra esquecer o ciúme idiota dee finalmente ficar com . – Bom e se quiser aproveitar do seu jeito, estou disponível, mas aí precisa ser na sua casa, já que odiou meu colchão.
A mulher gargalhou com a carinha de cocota safada que ele fazia, embora fosse até fofo ver as bochechas de infladas. Ele sempre tinha bochechas muito fofas e nem quando decidia dar uma de safado, perdia a essência das bochechas.
-Eu divido casa com meus pais. Vou ter que te fazer de colchão então! – ela esboçou um pico pensativo e agradeceu ao universo por ele já estar com a bermuda em mãos. Ela nunca iria entender como um homem de cueca era mais sexy do que pelado, ainda mais quando a imagem da nudez não era das mais bonitas. – Você é tão cretino! – esbravejou ao ver que o amigo tomava outro banho, só que de perfume, aquele viciante que tinha empregando em suas narinas no outro dia no carro.
A reação de foi lhe mandar um beijo provocativo.
-Sobre o nosso combinado, vai ser assim? No seco? Sem um jantar antes? Nossa, como os tempos mudaram. – Ele suspirou fingido, ouvindo a risadinha divertida da mulher a sua frente. Ela estava com um sorriso claro esticando os lábios e o fazia se condenar por acha-lo tão lindo e hipnotizante. mordeu a boca levemente e sacudiu a cabeça, tentando esquecer o quanto aquele sorriso acabava com seu juízo e não era da forma que ele estava esperando, principalmente quando ela parecia um anjo sendo iluminada pelo sol da tarde que invadia seu quarto pelas janelas imensas.
-Você paga a pizza! – A mulher cortou o momento reflexão, mesmo sem imaginar que ele existisse e instintivamente, se apoiou no colchão pra levantar.
-Só marcar o dia! – O homem sorriu, mais encantado do que deveria e ao fechar o botão da bermuda, não percebeu o momento que ela levantou da cama box. Embora não tivesse percebido o aceite para a proposta de sexo.
-O que fizeram com você? – As expressões de pareciam realmente confusas com a naturalidade de em aceitar a proposta de sexo.
Era diferente como o clima entre os dois parecia tão natural e divertido, sem tensão e um peso que sufocava a maioria das pessoas que falavam de sexo. Talvez os dois fossem sem vergonha? Talvez. Mas o momento parecia ir bem mais além de falta de vergonha, era uma intimidade absurda que poucos casais já tinham experimentado. Intimidade ia muito mais além de falta de vergonha na cara.
-O que fizeram comigo? – Ele soltou uma risadinha confusa, embora aceitasse de braços abertos o magnetismo que puxava ainda mais o corpo dela pra perto do seu.
-Sim! – Ela preparou os dedos pra enumerar. – Você tá me propondo sexo, ficando pelado na minha cara e ainda insinuando sacanagem.
-Não, não. – Ele sacudiu o indicador como uma criança. – Quem propôs sexo foi você, dona . – interrompeu a atuação dela em fazer a inocente. Aquela mulher tinha passado bem longe das palavras paz e inocência há muito tempo.
-Logo eu, , a virgem? – A garota tentou ficar séria, mas a desculpa era tão esfarrapada que os dois riram sem perceber o quão perto estavam um do outro.
-Ah vai te catar, nem você acredita!
-Você tá muito abusado, meu jovem! – O bico fingido dela puxava toda a atenção que queria dividir entre a conversa e o calor que o corpo de emanava tão perto do seu. – Insinua que eu não sou inocente?
-De verdade? – Ele fechou um olho fazendo uma caretinha muito fofinha. – Estou afirmando!
-E você não viu metade. – Ela umedeceu os lábios exageradamente, fazendo questão que ele visse.
não demorou muito pra perder toda a vergonha na cara que carregava até aquele momento e passar as pupas dos dedos pelo abdome de , subindo pela linha alba que dividia os músculos pouco definidos dali, mas que eram realmente lindos pela pegada mais natural. Aquele momento não só fez a pele macia do homem arrepiar em reação a cadeia de sensações que a mão dela trazia, mas também o fez prestar atenção nos movimentos da garota e se perder neles. fechou os olhos calmamente e após abrir, a encarou capturando todas as intenções que emanavam dos olhos expressivos da mulher impossível que parecia bem satisfeita em brincar com ele.
-Me mostra. – O sussurro combinado ao olhar firme a fez controlar os impulsos de acochar as próprias coxas. Céus, ele não tinha encostado nela e a mulher já estava daquele jeito? Controle-se!
O clima no quarto não foi quebrado nem pelo barulho da rua ao lado de fora da casa, era apenas mais um aditivo ao gosto de proibido, principalmente quando na cabeça dos maiores moralistas aquele era o horário útil do dia e nada daquele tipo deveria ser feito. Uma pena que e estivessem mais interessados em se encarar e ver até onde o desejo dos dois ia. O homem apoiou as mãos inquietas na cintura dela em um ato ansioso pra que pudesse puxa-la, enquanto sentia as mãos dela se espalharem ainda mais em seu peito como se procurassem um lugar que pudessem apertar e fincar as unhas.
-Quer ver? – A pergunta precedeu o momento que a língua dela entrou em contato com o peito nu dele, em um beijo que o fez fechar os olhos e apertar a cintura de como se aquilo desse autorização para a mulher usá-lo como bem entendesse.
-Muito. – O suspiro foi sofrido com mais um beijo que caminhava para seu pescoço e o fazia arrepiar inteiro.
-Então eu vou te mostrar. – A risadinha vibrou contra a clavícula do pedagogo, à medida que o homem enfiava mais as pontas dos dedos no quadril dela. As unhas de já brincavam de arranhar as costas largas e vê-lo tão arrepiado e rendido.
Se aquela mulher não conseguisse o que queria, nenhuma outra conseguiria!
-Mostra vai… – Ele esticou o pescoço pra cima como se fizesse o arrepio se espalhar mais rápido, ou se intensificasse a sensação. aproveitou o movimento e agarrou os cabelos da nuca dele, puxando um pouco mais a cabeça pra trás, gesto que o fez soltar uma gargalhada rouca e tão arrepiante quanto os dedos dela.
-Pede de novo! – A ordem saiu tão firme quanto os ombros dele.
-Me. Mostra. . – aproximou o rosto do dela só pra sussurrar aquilo e apertar bem a bunda da mulher com as duas mãos. Ela se arrepiou inteira com aquilo, não sabia exatamente como ele conseguia o equilíbrio de uma apertada gostosa, mas tinha certeza que queria mais.
O tom era um dos mais desafiadores assim que saiu da boca dele, instigando a alma competitiva da garota a sua frente. E pra mostrar quem mandava ali, ela o virou na direção da cama king size, decidida a empurra-lo ali e fazer dele o melhor colchão, embora tenha sido surpreendida com duas mãos na sua cintura assim que tinha impulsionado pra trás. Os dois caíram embolados no colchão, embalados pelo som das risadas divertidas que sequer quebraram o clima quente dentro do quarto.
voltou a postura pra cima do colchão e como de costume quando geralmente tinha um sexo muito bom, ficou paradinha digerindo o momento, ainda sentindo o baixo ventre vibrar, as pernas bambearam e o coração parecer que ia sair pela boca. Ela não sabia se acalmava o estado de espírito, ou aproveitava toda aquela reação maravilhosa que tomava seu corpo. Talvez os dois ao mesmo tempo! A mulher cobriu o rosto com uma das mãos e respirou fundo, bem paradinha sentindo o calor gostoso do quarto, o corpo derreter e ouvindo a respiração rápida de que estava ao lado, inclusive ele estava taquipneico* e precisava controlar as 27 incursões por minuto.
– ? – Ele levantou a cabeça ainda tentando controlar a respiração. Ela estava sentindo alguma coisa? Fazia uns bons segundos que estava paradinha e sem dar uma palavra, ou seriam minutos? cogitou a ideia de cutuca-la, mas recebeu um resmungo em resposta. – Tá tudo bem?
prendeu uma risada que fez seu corpo sacudir levemente.
-Estou digerindo o momento, me deixa! – Ela continuou paradinha em cima da cama. – Você quem está taquipneico.
-Bom assim? – O pedagogo havia se inflado com toda a intenção, porque tinha certeza da qualidade do sexo que haviam feito. Ela se limitou a levantar a cabeça e olha-lo com uma obviedade imensa que sim, comprovava todas as possíveis dúvidas de que tinha sido incrível. – E taqui… o quê? Hein? – Ele fez uma careta.
-Respirando curto e rápido, . 27 incursões por minuto! – A enfermeira soltou uma risada divertida com a dúvida dele. Além de trabalhar com crianças, também era especializada em pneumologia, então estava muito a pá do sistema respiratório. – Respira fundo pra controlar. – Os dois riram.
-Você estava contando? – O homem arqueou as duas sobrancelhas de uma vez, ainda que tentasse controlar a respiração como ela havia pedido.
-É involuntário! Eu sou enfermeira, ajuda a calmar! – Ela arregalou os olhos como se aquilo deixasse sua fala ainda mais certa. soltou uma risada estrondosa e ganhou um tapa de leve.
-Contar a minha respiração te acalma?
-De quem está do meu lado! – sorriu com a confusão dele. Por que era tão fofinho? – É terapêutico. Eu sei que parece loucura, mas obrigada por não verbalizar. – Um sorriso agradecido se confundiu a uma mordida inocente na boca e aquilo o fez prender um suspiro perdido pela imagem do sorriso limpo e sincero.
-Então foi bom. – intuiu a resposta positiva dela. Tá certo que os dois já tinham chegado aquela conclusão silenciosamente, mas ele queria ouvir.
-Claro que foi! – A moça finalmente respondeu. – Eu geralmente não passo mais de um minuto parada, então foi bom sim, muito bom! – Ela piscou provocativa.
-Você tá uns 10 minutos parada. Foi nível ninja! – O homem se inflou como se fosse pouco mais velho que ela e os dois riram alto. – Não ri! Deixa eu me iludir! – A reclamação fingida causou uma sacudida de cabeça em negação. – Você acha que eu estou falando de mim? Eu estou falando de você! Se eu soubesse que ia ser bom assim, tinha mandado minha consciência pastar na noite das bodas. – Ele se jogou na cama bem relaxado, passando as mãos pelos cabelos.
-Não ia não! – Ela pontou rindo. – Você gosta muito do meu irmão!
fechou os olhos com força e prendeu a respiração. Desde quandotinha virado pauta em conversa pós sexo?
-Você sempre foi quebra clima assim, ou é um privilégio meu? – A pergunta saiu desafinada e até indignada. Ela deixou que uma risada espontânea escapasse e sentou na cama, tentando achar o vestido que usava antes e a lingerie.
-Você é uma gracinha! – Ela encolheu os ombros ao sentir a pele ainda hipersensível as vibrações do corpo. Era bom manter distância do corpo de , ou ela explodiria em um choque. – Queria minha roupa!
-Tá… por aí. – deu de ombros, espalhado na cama como uma estrela do mar, ainda que observasse cada movimento que fazia pra procurar a peça de roupa. Ela era linda demais e não só porque estava nua, mas porque parecia limpa, radiante e explodia uma energia boa de estar perto.
-Acho que pelo chão. – Ela se apoiou de leve nos braços, projetando a cabeça pra fora dos limites da cama, oposta ao lado que estava. – Será que foi pra debaixo da cama?
-Acho que foi mesmo. – O homem riu e levantou a postura pra ajudar ela. – Deixa eu te ajudar a procurar! – projetou o corpo pra o lado que a garota estava e encostou o peito nas costas dela, vendo a mulher se encolher violentamente como se tivesse sofrido um choque de cócegas e as risadinhas desesperadas. – O que foi?
-Meu corpo tá vibrando. – Ela mordeu o dedo com os olhos fechados fortemente. Céus, que bosta era aquela? A única reação era de rir loucamente, mas tentou prender, sentindo fazer o mesmo.
-Respira fundo! – Ele aconselhou achando lindo ela encolhida e não se conteve ao dar um selinho estalado no pescoço descoberto da moça. tremeu de novo, mas o xingou depois disso.
-Vagabundo! Eu estou tentando, você não pode fazer isso! – Ela riu um pouco desesperada pela reação do corpo, até porque nunca tinha acontecido aquilo antes.
-Não vou ajudar. – afastou um pouco o corpo pra trás, desencostando o peito das costas dela. – Você já tá dando curto assim, se eu encostar acho que você infarta! – O homem soltou uma risadinha com a zoação, por mais que esperasse ela voltar a postura normal de novo.
-Vai à merda! Não era eu quem estava respirando ofegante. – A garota respirou fundo e se recompôs, sacudindo os cachos volumosos. – Acho que sua irmã pode me matar porque eu não voltei com os cartazes.
-Ela vai ter que superar, você tinha coisas mais importantes pra fazer comigo. – terminou a frase rente ao ouvido da mulher, fazendo a pele inteira dela arrepiar. – E quem sabe eu precise de mais ajuda, enfermeira. – O homem beijou-a no pescoço e não perdeu tempo pra circundar os braços na cintura dela mais uma vez.
-De novo? – virou o rosto de uma vez, dando de cara com um homem cheio de fogo enfiado em seu pescoço.
-De novo.
-Perdido por um, perdido por todos. – Ela deu de ombros e ao enfiar os dedos entre os cabelos dele, puxou a cabeça de para um dos beijos mais fogosos que os dois já tinham dado.
-Você já chegou reclamando que tava andando demais! – Ele riu baixo e beijou a bochecha dela em um estalo, sendo pego no flagra pela irmã que saía da sala onde era ensinado canto.
soltou no chão, à medida que recebia aquele olhar felino de reprovação de umaque não estava gostando nadinha daquela pouca vergonha. Desde o início da manhã os dois estavam de risadinhas e joguinhos idiotas, geralmente não na presença dela e de. Mas que aquilo tinha algo suspeito, oh se tinha! Tinha até demais. A filha mais nova dos amassou a boca em uma linha fina e apertou um pouco mais a caixa de papelão contra o peito, recebendo de bom grado a advertência no olhar da melhor amiga.
–quer sua ajuda lá no depósito, . – A casada ali apontou na direção do local e mediu o irmão como se quisesse bate-lo até ele virar do avesso. Só podia ser burro daquele jeito em outro mundo.
-Ok, tô indo. – O homem mordeu a boca, enfiou uma das mãos nos bolsos e depois de empurrar de lado, saiu na direção de onde o amigo lhe aguardava.
A garota engoliu em seco pela cunhada que lhe encarava incisivamente e sabia que assim que capturasse o olhar dela, precisaria contar tudo que estava acontecendo e tinha acontecido na última semana, ou perderia a confiança de uma vida.
-Você quer me contar alguma coisa, ? – Ela sentou na cadeira giratória da mesa que funcionava como secretaria e ouvindo o suspiro pesado da cunhada, entendeu que sim. Ela não só queria, como precisava contar a quantas andava com e como eles três resolveriam aquilo com.
-Assim, querer é uma palavra muito forte. – trincou os dentes com o indicador em riste, parecendo uma criança sapeca.arqueou as sobrancelhas duvidando que ela fosse começar brincar naquele exato momento.
A mulher se deu por vencida, largou as caixas de papelão e sentou-se à mesa de madeira clara, se ia contar tudo a, que ao menos estivesse confortável pra maior ralhada das américas. Um suspiro foi compartilhado entre as duas amigas e ele significava tanta coisa, mostrava o arrependimento de ter subestimado seu próprio autocontrole, o medo de sair do controle e sofrer como alguns anos atrás por parte da mais nova e o desespero da Mrs. só em imaginar a confusão que daria quando aquilo tudo fosse descoberto.
-A gente tá ficando. – umedeceu a boca, procurando o fôlego e as palavras corretas para aquela conversa. – Desde a festa das bodas que vem acontecendo e…
-Vocês transaram. –apertou as têmporas e quis bater a testa na mesa, a de .
Qual era o grande problema dos dois? Ficar de provocaçãozinha idiota até que ainda ia, mas era tão complicado entender que aquilo poderia sair machucando mais gente que o esperado? não era aquela rocha intocável que pintava ser, dentro daquele coração desapegado havia uma garota sensível, gentil, meiga e encantadora que não se controlaria pelo charme de . Outro imbecil que achava poder passar por cima de tudo, mas tinha o coração mais mole que um pudim, o homem tinha o histórico das piores decepções amorosas por não saber separar as coisas. Era por aquele motivo que estava solteiro até a presente data.
-Sim. – o suspiro escapou como um fardo, afinal não ia adiantar mentir pra.
-Usou camisinha, ao menos? – A pergunta da mulher parecia a de uma mãe preocupada e mesmo querendo rir, fez uma careta imensa com a pergunta. É óbvio que eles tinham usado, seria a maior das burrices transar sem usar absolutamente nada.
-Meu Deus,! É claro que a gente usou, credo! – A garota se sacudiu em um arrepio. – Ninguém aqui é adolescente ou burro. Céus! – esfregou a cara.
-Olha, eu garanto que burros vocês são. – A outra apontou indignada com aquela presepada. – Porra, ! – o xingo veio sem precedentes, quando a pose de mulher séria e madura deixou o corpo de. – Será possível que vocês não enxergam a bola de neve em que se meteram? Eu zelo pelos dois, eu cuido dos dois e eu sei que se essa brincadeirinha sem noção der errado, OS DOIS vão sair machucados. – Ela falava frenética, enquanto movimentava as mãos.
-Não é brincadeirinha,! – A outra gritou meio indignada pelo tratamento. – A gente tá ficando!
-Sem falar no meu marido, que está no meio dessa… disso. E sequer sabe que está! Já parou pra pensar que ele vai ficar magoado com o fato de vocês estarem escondendo o que aconteceu? Já pensou na minha e na sua mãe, que ainda tem a fantasia infantil de que um dia vocês dois vão finalmente se resolver e ficar juntos? – As duas suspiraram frustradas. Como diabos uma situação simples tinha virado tão complexa e envolvendo tanta gente ao mesmo tempo? – E eu, ? Como eu fico sabendo de tudo e sem poder magoar vocês dois e o?
A mais nova soltou um grunhido desesperado por finalmente se dar conta do tamanho do problema. Apertou o rosto com força como se fosse a salvação dos seus problemas e respirou fundo, sabendo que precisava resolver aquilo, embora não fizesse a mínima ideia de como.
-Você tá brava com a gente? – mordeu a boca em uma das expressões mais culpadas.
-Não, . –deixou que o ar escapasse fluido de seus pulmões. – Eu estou preocupada com vocês, os dois não têm bons históricos com relacionamento e seria um desastre que acabassem se machucando. O Baboo é um homem incrível e não merece isso, o mesmo vale pra você, paga de durona e desapegada, mas é uma mulher incrível também. Os dois merecem ser amados. – Ela soltou o apelido de infância que costumava chamar o irmão, quando aprendeu a falar e ouviu a gargalhada estrondosa da melhor amiga.
Ok, talvez fosse a hora de usar os segredos a favor dela.
-BABOO? – ria sem controle, enquantoqueria empurrar ela da mesa pra não ser descoberta.
-Cala a boca, tapada! – A outra soltou uma risada semelhante e levantou de uma vez da cadeira, tapando a boca da cunhada ou ouviria e a terceira guerra mundial se instalaria na escolinha de música. – Se ele ouvir, todo mundo morre! –ainda tentava abafar as risadas descontroladas da cunhada.
-Então você vai me ajudar? – parecia esperançosa ao fixar o olhar na cunhada, embora tenha recebido um gesto negativo pra sua pergunta.
-Eu não vou me meter, . É algo entre você, o meu irmão e o seu irmão. – a Mrs. mordeu a boca, vendo a outra se dar por vencida e afirmar contidamente.
Um abraço apertado e cheio de gratidão fechou o momento conversa/conselho, fazendo-as entenderem que elas estariam sempre uma pela outra, não importava o que acontecesse.
geralmente se sentia sozinha quando precisava estar sozinha em uma casa enorme, ou não dividir o apartamento com alguém, mas daquela vez estava sendo realmente diferente, a moça não conseguia imaginar melhor verão desde que tinha acabado o colégio.
Já era quase 8pm quandose esticou exatamente igual ao pai após uma tarde pesada de golfe e assim como ele, disse que suas costas estavam o matando.
-Não sabia que dava tanto trabalho organizar isso. – O homem esticado parecia não saber fazer outra coisa além de uma careta.
soltou uma risada desacreditada em partes, depois sacudiu a cabeça e dando uma palmadinha de conforto no marido, disse:
-Isso é a idade, você sabe que só piora né? Imagina quando a gente tiver filhos. – Ela apontou enquanto recolhia as coisas e prendeu um suspiro feliz ao ver como era natural as piadinhas do casal.
sequer tinha prestado atenção a toda a conversa sobre ter ou não ter filhos, ele estava preocupado em ser zoado se esticasse a coluna daquele mesmo jeito, como um senhor de idade veterano de guerra.
-Só preciso de um banho quente e estou novo em folha. – O solteiro em questão soltou uma piscadela provocativa, ouvindo três gargalhadas estrondosas.
-Você passou o dia no meu ouvido dizendo que estava cheio de dor, ! – abriu o jogo e com uma jogada leve de quadril, o empurrou de lado, deixandoque tinha visto o movimento de intimidade, com as orelhas enormes.
-Não dá pra fugir da idade, cara! –deu um tapinha no ombro do amigo enquanto passava por ele. – Vamos, amor? – O homem esticou a mão prae a viu sorrir de nariz empinado, por ser a única ali que estava certamente sendo amada como deveria.
-Vamos! – Ela arrastou a bolsa da mesa de apoio na entrada e enlaçou a mão na do marido.
-Você vai com a gente, ? –olhou pra irmã curioso sobre seu destino e mesmo sem querer, ela mordeu a parte interna da boca.
-Eu… Prometi uma cerveja a depois daqui, prometo que a levo pra casa. – se enfiou em uma conversa que nem de longe era dele, principalmente quando morava totalmente oposto a casa dos , sendo quase como atravessar a cidade. O casal encarou as reações da moça sobre o convite que parecia de última hora.
– Não querem ir junto? – Ela estendeu o convite de última hora e quis gritar em comemoração a esperteza da mulher. Ele estava muito bem acompanhado. – Qualquer coisa eu fico na casa da mãe hoje a noite. – deu de ombros.
-Nah, estou velho demais pra happy hour depois de uma faxina. –brincou, por mais que mantivesse a mão na lombar e colocou o celular no bolso traseiro da calça. – Você viu minha chave? – Ele perguntou a esposa.
-Acho que você deve ter deixado na sala da bateria. –apontou na direção da sala de aula, recebendo a promessa do marido sobre voltar logo.
A mulher encarou as duas caras lisas a sua frente, até porque já estava sabendo de tudo que tinha acontecido uns dias antes pela consciência de , porque se fosse depender de , ela continuaria inocente sobre o que a dupla andava fazendo.
-Esse, é irmão desse! – a Mrs. disse encarando os dois sem vergonha ali, assim que perdeu o marido de vista. – Eu estou de olho em vocês! – O aviso parecia mais uma ameaça e antes que pudesse retrucar, o amigo voltou gritando que tinha achado a chave.
A enfermeira pediátrica soltou um gritinho pelo coro no início da música, parecia harmonizado demais até a letra vir a tona, fazendo o homem se segurar pra não cantar desde o começo. Ele conhecia!
You know I wouldn’t walk away, even if I could
It took one night, one try, ayy
Damn, I’m hooked
O ritmo da música era um chicletinho muito do divertido, que estava deixando encantado com as caras e bocas que fazia ao dublar a música, encostando no braço dele como se tentasse seduzi-lo. Os dois sabiam que bastava ela sorrir e correria igual a um cachorrinho de coleira pros seus pés e se ele sabia e não estava achando ruim, quem acharia?
–But Then you kiss my neck and take a bite! – A mulher passou o dedo pelo pescoço e apontou pra ele como se fosse uma intérprete da música, mas não esperou o que vinha a seguir.
-Everybody said I sleep with the enemy. – cantou com uma das suas expressões mais sofridas, ouvindo a gargalhada da mulher ao lado. A música tinha bastante a ver com os dois e querendo ou não, ele se referia a ela. – I don’t even care if you’re gonna be the death of me, me, me.
-Eu não acredito que você conhece a Why Don’t We. – parecia surpresa e animada, vendo-o sorrir largamente com sua empolgação. Claro que ele conhecia e assumia que a banda tinha boas músicas, principalmente pra ensinar aos seus meninos.
-Claro que conheço, anjo! – O homem gesticulou com a mão, por mais que tentasse, sem sucesso, prender os apelidinhos carinhosos. Ele não prestava para aquela vida de casual, não mais, na verdade. – Os meninos na escola adoram as músicas da banda e eu precisava entender porque não era mais a sensação entre as adolescentes. – brincou, fingindo nunca tê-la chamado de anjo e a mulher pareceu fazer a mesma vista grossa.
-Já disse que essas crianças são as melhores, vou fazer a maior bagunça com elas nessas férias musicais. – Ela apontou e logo os dois estacionaram em frente ao portão da casa do pedagogo.
-Então você não vai ser mais monitora? – soltou uma risada divertida, enquanto vasculhava os bolsos em busca do controle do portão da garagem. Ele comemorou ter achado a caixinha e não contou conversa ao apertar o botão para abrir o portão.
-Não vai abrir? – fez careta ao ver o portão sem mexer do canto, enquanto apertava freneticamente o botão cinza. – Não deu certo?
-Não… – O homem fez careta pra caixinha e a sacudiu como se fosse um brinquedo. Os dois riram. – Eu acho que deve ter quebrado. Que bosta!
-Eu vou sair e tentar abrir lá. – Ela apontou para o portão branco, tentando ignorar a quantidade de água que caía e parecia não ter hora pra parar. As chuvas de verão eram sempre inesperadas na pequena cidade e quando iam embora, deixavam um lindo sol raiando.
-Não! Eu vou! – o homem soltou o cinto de segurança, já deixando o carro em neutro pra conseguir sair antes que ela retrucasse. – Tá doida que eu vou deixar você pegar uma gripe? – Ele parecia falar sozinho quando percebeu que a mulher mais teimosa que conhecia bateu a porta do carro.
-Você é maior pra gripe se alastrar! – Ela gritou fora do automóvel e viu o desgosto presente na cara dele.
– ! – O homem gritou em uma última tentativa de faze-la desistir, ganhando um beijo alado em troca. Ela era impossível mesmo e ele estava bem ferrado. – Teimosa! – sacudiu a cabeça em uma risada incrédula.
Ele se largou um pouco mais no conforto do carro ao esperar que ela abrisse o portão e fez uma careta quando percebeu a força imensa que a filha mais nova dos colocava pra abri-lo. coçou a cabeça e soltou o cinto de segurança, sabia que desde o início não deveria tê-la deixado sair na chuva com a invenção de abrir o portão, mas com uma mulher teimosa não se contestava. O pedagogo se encolheu ao sentir os pingos gelados atravessarem o tecido da camisa, estreitou os olhos e deu uma corridinha até a garota molhada que tentava empurrar o portão.
-Poxa, , achei que o tríceps tinha a mesma força da mão! – O homem fez um bico zoeiro pelos tapas ardidos que ela costumava distribuir e ganhou um na parte descoberta do braço. – Outch!
-Vai te catar! – Ela xingou com toda a sua indignação fingida e foi agarrada pela cintura, soltando um gritinho e uma risada estrondosa pelos beijos que estalava em sua bochecha.
-Vai lá, eu abro o portão e você entra com o carro. – O homem abriu um sorriso imenso após ser empurrado de leve pela garota raivosa, deixando o desespero tomar de conta do seu estômago que só afundava mais.
-Você deveria comprar camisa maiores! – gritou quando já estava na porta do carro, se referindo a água e como ela deixava as camisas do pedagogo muito coladas no corpo. Aquilo deveria ser um crime, principalmente quando tinha um peito muito bonito.
-Somos dois! – O homem aumentou apenas alguns decibéis na voz, fazendo a maior carinha de safado e ouviu a risada alta dela.
-Eu gosto de roupa apertada! – A garota pôs a mão na cintura.
-Eu também gosto das suas! – Ele inflou as bochechas em uma expressão safada que a fez rolar os olhos e não demorar muito pra entrar no carro do pai, chamando de idiota.
se acomodou no banco, sentindo que levaria no mínimo, um dia pra secar o estofado e ligou a ignição do modelo clássico, buzinando pra que o homem abrisse logo o portão. O espalmou as mãos na superfície branca de ferro e botando uma força descomunal, conseguiu que ele abrisse um tanto que coubesse o corpo dele, assim ficaria mais fácil de mexer no motor por dentro. A garota fez careta ao não entender por que raios ele tinha entrado em casa e a deixado na chuva, depois enfiou a mão na buzina pra chamar tanto a atenção de como a do bairro inteiro.
– ! – ele apareceu de olhos arregalados pelo escândalo e a viu abrir os braços como se perguntasse porque diabos ele não abria logo o portão. – Eu estou mexendo no motor, já vou abrir! – tentou explicar pra nervosinha, recebendo uma risadinha sem vergonha.
Logo a garagem foi sendo revelada aos poucos e parecia bem organizada pra um solteirão, algumas estantes na lateral esquerda continham caixas que a moça apostava serem de ferramentas, peças da moto ou algo que poderia ser usado posteriormente. O lugar da moto, que estava dentro da escolinha pela chuva, era reservado do outro lado e tinha até a lona que costumava cobri-la, tudo muito bem organizando ao que parecia, com carinho e esmero. Como diria sua avó, ele era pra casar. A mulher desligou o carro enquanto o outro fechava o portão ainda na força manual, saiu do automóvel fotografando tudo com os olhos e sentiu sua mão ser agarrada por ele em uma brincadeira infantil de ver quem corria mais rápido.
Os dois passaram pela porta, que ligava a garagem a casa, como um raio e entre gargalhadas divertidas, diminuíram a euforia pra não esbarrar em nada na sala escura, embora fosse possível ver a organização impecável do lugar pela penumbra. se encolheu pelo frio e esfregou os próprios braços esperando que acendesse a luz, além de ansiar pela presença embravecida de Delilah. A cadela realmente não gostava dela e a garota nunca entenderia o porquê, já que as duas tinham sido muito amigas um dia.
-Já volto. – O resmungo de foi baixinho pra que apenas ela ouvisse e assim que as luzes todas acenderam, a mulher teve certeza que ele tinha ido atrás de algo que pudesse esquentar os dois.
Aproveitando que as luzes estavam acesas, os olhos curiosos varreram toda a sala e cozinha conjugada da casa média, finalmente constatando que tinha um bom gosto. O tapete de Delilah estava posto em uma divisão imaginária entre a sala e a cozinha, com uma almofada, os potinhos de comida e alguns brinquedos, fazendo-a se perguntar onde estava a mensageira do apocalipse. soltou uma risadinha contente e antes que pudesse tomar fôlego pra gritar pela brava, sentiu um par de braços lhe envolverem junto com uma toalha. Os dois riram pelo mini susto da moça e logo tratou de esquentar o corpo gelado, esfregando os braços dela com as mãos.
O pedagogo sentiu que o corpo menor que o seu tentava se aconchegar ao abraço quentinho e beijou-a na bochecha, puxando com delicadeza o rosto dela pra um beijo em seguida. escapou um dos braços por entre os dele, o rondando em volta do pescoço de pra confortar o beijo aconchegante que deixava o coração quentinho. Os dois suspiraram meio assustados pelo rumo que as coisas estavam tomando e findaram em um abraço apertado, com o rosto aconchegado no vão do pescoço dela, ao passo que a enfermeira apertava o os braços dele por cima dos seus, acochando um pouco mais o abraço quentinho.
-Você vai me emprestar um moletom seu! – A mulher inquiriu, sentindo que ele afirmava só pelo movimento da cabeça enfiada em seu pescoço.
-Quer chocolate quente pra ajudar a esquentar? – A pergunta do homem saiu abafada. – Eu faço, enquanto você toma um banho quente.
-Eu faço! – Ela protestou se soltando do abraço dele e não viu quando fez uma careta horrenda. – Mas depois do banho, nós dois vamos pro banho quente e depois eu faço o chocolate. – apontou como se falasse com uma criança, recebendo como resposta um rolar e olhos bem saturado.
-Eu não tô com frio. Tá tudo bem! – se assemelhava bem a um moleque com bem menos de 30, pelo jeito que sacudia as mãos pra tentar faze-la entender.
-Mas sua imunidade deve ser péssima, então banho quente! – apontou na direção da escada. – Eu já disse que gripe em um homem desse tamanho é mais difícil de controlar.
– A minha imunidade é ótima, meu amor! – O homem apoiou o peso do corpo em uma das pernas e arrancou uma risada gostosa de ouvir, dela.
-A minha imunidade é ótima. – A enfermeira pontou pro peito. – A sua é no mínimo, duvidosa. Não dou dez minutos pra você começar a espirrar.
-Sem graça! – Ele rolou os olhos mais uma vez, se dando por vencido naquela briga de quem faria o chocolate primeiro. Os dois já tinham comido tanto que provavelmente o chocolate seria deixado pra trás após o banho quente. – Vai logo pro banho. Se não for logo, vai ficar pelada antes da hora! – Ele gritou já se preparando pra correr dos tapas.
-O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE? – O grito indignado dela se misturou aos latidos frenéticos de Delilah que tinha aparecido no topo da escada pra entender quem tinha chegado em casa. soltou uma gargalhada e saiu correndo escada acima com uma mulher raivosa e baixinha em seu encalço, lhe ameaçando de arrancar os órgãos pelo disparate. – VOLTA AQUI, ! – O berro ressoou no primeiro andar inteiro e o homem pegou a cadela no colo, vendo a bichinha querer chão por ele estar todo molhado.
-Você vai me bater! – Ele disse entre a crise de riso.
-Eu vou te esfolar! – O grito saiu indignado e a imagem da mulher com a mão na cintura no topo da escada era uma das mais engraçadas, principalmente quando a cadelinha começou a latir como se tentasse defender o dono da surra proposta. – A Lila não vai impedir! – esticou o dedo.
-Desculpa! – O homem colocou a mão no peito formando a imagem perfeita do falso anjo. – Delilah! Para com isso. – Ele reclamou pelos latidos incessantes que estavam dando nos nervos. – Eu vou pegar uma roupa pra você. – disse a , enquanto chamava a cadela pra deixa-la dentro do quarto.
-Onde eu tomo banho? – Ela passou a mão pelo cabelo molhado e fez careta ao ver que estava escorrendo e molhando o chão. – Desculpa por isso.
-Tá tudo bem. – O homem sorriu. – Tem esse quarto aí atrás de você… meu quarto você já sabe onde é e o banheiro também, fique à vontade. – mordeu a boca após a proposta, deixando-a realmente livre pra escolher onde queria tomar banho.
-Lila, eu vou chamar a . Se comporte! – Ele apontou pra cadela bem deitada no meio da cama e se pegou rindo por ter falado o apelido que a garota tinha botado na cachorra. – É sério, Delilah! Sem latido e sem ficar avançando na garota, tudo bem? – Ele insistiu e mesmo sem resposta, beijou a cabeça do bichinho de estimação.
Ajeitou o cós do moletom que usava, pôs uma camisa básica e descalço mesmo, atravessou o pequeno cômodo que separava os quartos. Mordeu levemente a boca por não saber exatamente ao que aquela atitude iria lhe levar e se impediu de bater na porta ao vê-la entreaberta.
estava sentada na borda da cama, com uma das pernas dobradas e a outra esticada, usava uma das suas camisas que ficavam enormes nela – e lindas, pra falar a verdade -, além de uma cueca boxer como roupa de baixo. A chuva tinha molhado a roupa dela toda e aquele foi o jeito de deixar a moça confortável. A garota sorria pro telefone e parecia digitar algo, por certo conversava com a mãe que estava em lua de mel e mandava inúmeras fotos em alto mar.
abriu um sorriso imenso e involuntário pela vista, suspirou e finalmente bateu na porta de madeira, puxando a atenção dela que veio junto com um sorriso imenso em resquício as conversas.
-Hey! – bloqueou o aparelho e o jogou do lado.
-Quer me fazer companhia? – Ele mordeu a boca, apontando pro quarto que geralmente dividia com a cadela que o acompanhava desde quando ele decidira sair da casa dos pais.
Ela suspirou.
-Eu estou bem cansada, . – A moça mordeu a boca ao recusar o convite que tinha entendido de forma torta. – Só preciso dormir.
Ele soltou uma risada divertida e sacudiu o cabelo.
-Eu também estou, . Estou te chamando pra ver um filme na TV, ou uma série… Você escolhe. Só não quero te deixar aqui sozinha nesse quarto solitário. – Ele umedeceu os lábios, ansioso pela resposta e que fosse positiva. Era surreal a maneira que ele queria estar na companhia dela.
-Promete? – A mulher fez sua maior expressão de súplica.
Ela queria fazer qualquer programinha idiota com ele que não envolvesse sexo, ou as preliminares disso. O dia tinha sido surreal e quando eles haviam cantado no carro, ela sentiu o tsunami de 17 anos voltando na boca do estomago, mas parecia tão mais familiar e confortável, era uma sensação gostosa de sentir e que ela queria sentir de novo e de novo e de novo.
-Prometo, anjo. – Ele sorriu levemente e quis se matar por ter soltado o apelidinho pela segunda vez em menos de duas horas. – A gente não é adolescente pra transar só porque deitou na mesma cama. – Ele lhe estendeu a mão, fazendo o estômago dela sacudir de novo. – Vem, a gente vê alguma coisa e depois você volta pra cá se quiser.
se apoiou no colchão e levantou no impulso, passou a mão pela camisa enquanto andava ao encontro de , que permanecia com a mão esticada pra ela e um sorriso imenso. Era pra segurar a mão dele ou passar pela porta como se nada tivesse acontecido? Por que a sensação de reviramento simplesmente não ia embora? Em uma ansiedade de acabar com aquele sentimento sufocante, ela agarrou a mão dele com força, fazendo o sorriso do homem ficar ainda mais bonito. Ele beijou o dorso da mão gelada da moça e aproveitando a proximidade, segurou o rosto de pra um beijo calmo onde as línguas procuravam conforto e intimidade. Aquele era um dos mais diferentes que tinha acontecido entre eles, principalmente pelo motivo, o clima que havia se instalado e as batidas rápidas dos dois corações. A mulher apertou a camisa dele entre os dedos como se aquilo desse forças as suas pernas e deixou que a calmaria tomasse conta dos dois naquela demonstração estranha de afeto.
sorriu ao roubar um último beijinho sugado e por fim, beijou-a na testa, ultrapassando dos os limites de casualidade impostos pela sociedade. O suspiro da garota escapou meio aliviado e ela o abraçou de surpresa, se enfiando no peito dele ao receber o mesmo abraço gostoso de mais cedo.
-Algo me diz que a Delilah não vai deixar que eu entre no seu quarto. – riu ao afastar a cabeça pra encara-lo, ouvindo a risada divertida que escapou da garganta do homem sorridente.
-Nós tivemos uma conversa séria. – Ele fez um bico pensativo. – Então eu acho que ela não vai se importar se a gente dividir a cama pra ver um filme. – A piscadinha marota surgiu e ela roubou um beijo estalado, segurando forte a mão dele pra ser levada na direção do quarto.
Diferentemente do que achava, a chihuahua não deu muita bola pra presença dela e continuou deitadinha em um dos travesseiros. A moça sorriu animada pela aceitação repentina, não contando conversa pra pular na cama com tudo e ouvir o latido indignado da cachorra misturado as risadas descontroladas do dono dela.
-Já era, , agora ela não gosta mais de você!
-Claro que gosta! – A enfermeira abraçou o bichinho com força e entre as desviadas pra não tomar uma mordida, conseguiu acalantar e acalmar a cachorrinha brava, que posteriormente se aninhou bem em cima da barriga dela.
Uma das comédias levinhas produzidas pela Netflix foi colocada àquela noite e enquanto os comentários se misturavam às risadas e aos carinhos feitos em Delilah, percebeu o cara incrível que era, além de como os dois tinham uma conexão muito grande, independente de qual fosse. Não demorou muito pra que ela adormecesse do jeito largado que havia deitado, assim como Delilah que parecia estar no décimo terceiro sono.
-Meu Deus, esse cara é muito… – Ele cortou a fala ao meio assim que viu as duas capotadas ao seu lado na cama.
Um sorriso escapou com a imagem simples e embora fosse uma das mais bonitas, ele não podia deixar que ficasse daquele jeito e acordasse toda dolorida no dia seguinte. conteve o sorriso e pegou a cadelinha com cuidado pra não acordar , colocou Delilah em sua cama e voltou a deitar no colchão de molas que tanto havia incomodado a moça briguenta ao seu lado, aproveitando o momento pra ajeitar a cabeça dela no travesseiro, cobri-la com o cobertor e deixar um beijo de boa noite em sua bochecha.
N/a: OI BENINAS! Desculpem a trollagem da autora em tirar a fic da categoria +18 HAHAHA, não me matem!
Mas é que eu estou tendo algumas dificuldades em escrever algumas coisas e decidi separar a possível cena de sexo em um conto erótico! Logo ele será postado pra vocês, que vão identificar na hora, porque o nome parece bastante com “Essa droga de crush em você”
No mais, queria dizer que eu amo tanto um homem todo rendido, não sei não querer um Pietro pra mim! Lara e Simon também são incríveis, não é mesmo? E não esqueçamos da mocinha chamada Amelia, essa daí é fogo na roupa! HAHAHA
Agradeço todo o amor de vocês sobre essa fic, eu não esperava tanto! Beijinho na alma!
pS: ESCUTEM ESSA MÚSICA E ESSA BANDA. WDW SÃO MEUS ANJINHOS MAIS LINDOS!
Música do capítulo: Maybe – James Arthur
2019
N/a: OLÁ MEUS AMORES! Tudo bem com vocês?
Eu nem sei o que dizer deste capítulo, porque eu amei o jeitinho que ele se desenrolou e dá pra ver bem a função de cada pessoa na vida dos nossos pps, não é mesmo?
Bom, talvez daqui pra frente as coisas compliquem um pouco, mas vamos rezar pra que não!
Beijos da tia! ️
Contos da história
Essa droga de tesão em você
2019
Nota da autora
Por favor, tenham piedade da minha alma KKKKKKK! Queria começar pedindo desculpas pela demora, quando eu achei que ia escrever mais rápido, aconteceu o contrário, mas o capítulo foi bem tenso, então realmente precisei rever algumas coisas e ir escrevendo aos poucos. Depois eu peço desculpas pelos transtornos que causei!
Mas para vai…. tava precisando mesmo de uma sacudida dessas no amorzinho desses dois ️ e vocês já podem imaginar que estamos em uma quase reta final. Por isso, quero agradecer por tudo, vocês são preciosinhas demais!
Biejinhos da tia e até a próxima!
Ps: Podem me xingar nos comentários KKKKKK
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Trailer (FOFIC) https://www.youtube.com/watch?v=63fruO8tmGk&t=85s
2019
Nota da autora:
Oi amores! Tudo bem? Espero que sim e que tenham gostado desse capítulo. Foi um dos mais demorados pra escrever, mas consegui atravessar essa turbulência.
Mas em compensação é um dos que eu mais gosto por mostrar o processo de maturidade pra que você possa perdoar alguém e ser verdadeiro! Um beijo da tia e em breve vem mais! ️
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2019
2020
Por fim, só agradeço por tudo! Vocês são foda demais e isso é extremamente lindo!
Beijinhos cheios de amor, Tatye!